Há anos escuto de muitos botonistas que o o futebol de mesa não tem futuro e que o esporte vai acabar. A meu ver, quem faz estas afirmações realmente não pensa no esporte como esporte, mas em seu desemprenho pessoal, sua carreira apenas. Eu afirmo, sem medo de errar, que o futebol de mesa nunca irá acabar - dentre outros fatores, por seu lastro social. Nosso esporte tem um lado intangível, afetivo. Algo tão especial que tende a ser passado passado de pai para filho. 

Mesmo quando houve o que chamamos de "grande queda" - um período de desinteresse pelo esporte - comum a outros esportes também - até mesmo com o futebol (por incrível que pareça), devido em especial ao surgimento de novas práticas esportivas mais modernas, mais desafiadoras como os jogos radicais, a exemplo do skate que abre seu caminho, o surf de competição em ondas imensas (competições onde os brasileiros são destaques), o montanhismo, tiro, e-games (entre tantos outros), nunca deixamos de praticá-lo, seja em maior ou menor escala. Sempre se soube da reunião de pessoas jogando em suas casas, com a família, com a desculpa de uma cervejinha, um churrasquinho, ou apenas e simplesmente a reunião de amigos. 

O esporte, em números reais, com seus muitos colecionadores e apaixonados, sofreu um pequeno desgaste mas não perdeu jamais seu brilho e interesse. Com o passar do tempo, aqueles “jogadores” de garagens (vamos chamá-los assim) passaram a criar suas ligas próprias e muito competitivas. Aliás, não ousem dizer que não são, pois ninguém entra em uma mesa para perder. Há sempre o espírito de competição presente. Pois bem, com o crescimento destas ligas, veio o interesse pela “fabricação” de botões chamados de tampas (ou vidrilhas - como são conhecidos em alguns lugares do país). 

Deste movimento decorreu o surgimento de muitos artesãos difundindo, principalmente durante o tempo de isolamento social na pandemia, o prazer de criar artes e novos times de botão. Foi um período em que a modalidade cresceu a olhos vistos. Não apenas continuamos a praticar o nosso esporte, como vimos o surgimento de novos clubes, colecionadores e adeptos. Em 2022, com a retomada das competições oficiais muitos procuraram a Confederação Brasileira, seja por meio de entidades federadas, clubes filiados ou mesmo ligas regionais, a fim de disputar competições.

A temporada passada foi marcada por um retorno apoteótico aos ginásios e às mesas. Tivemos torneios das várias modalidades praticadas, enormes campeonatos nacionais e grandes competições nas ligas amadoras também, de norte a sul do país. O esporte navega de forma muito consistente e crescente. Escolhi este tema para a estreia da coluna "CBFM em Ação" aqui no Mundo Botonista lembrar aos amigos que o futebol de mesa continua a crescer e segue com sua vocação maior de fazer amigos.

A partir da próxima crônica pretendo começar a discorrer acerca dos dos nossos objetivos em busca do crescimento e da divulgação. Temos muito o que mostrar e de que nos orgulharmos, afinal, somos parte de uma entidade internacional, temos títulos reconhecidos e um lindo desempenho. Os grandes clubes brasileiros são adeptos do esporte e nos procuram sempre com o intuito de proporcionar aos seus sócios novos entretenimentos e competições. Mas isso fica para nossos próximos textos. Obrigado a todos os botonistas e até breve.

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José Jorge Farah Neto, 65 anos, gestor desportivo e jornalista, nasceu em São Paulo, capital, presidente da CBFM (desde 2020) e da FPFM (desde 2018), anteriormente ocupou a cadeira da presidência da Federação Paulista de 2007 a 2014. Autor do "Almanaque do Futebol Paulista" de 2000 a 2014, o historiador de futebol de mesa José Farah tem inúmeras contribuições ao futebol de mesa nacional e dentro da plataforma Mundo Botonista escreve sobre gestão esportiva e sobre os bastidores das instâncias que comandam o futebol de mesa no Brasil.
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