Painel do Mundo
Por Erismar Gomes (02/09/2021)
Caros leitores, dando continuidade à história da regra 12 toques, vamos agora tratar da mais importante mudança na regra, 21 anos após a sua criação, a alteração que mudou o jeito de se jogar botão na modalidade. Tudo começou assim: este colunista, após observar incontáveis jogos em competições oficiais, como jogador ou mesmo como espectador, começa a perceber um desequilíbrio no jogo em favor do botonista que está atacando. O ataque era beneficiado com a maioria dos rebotes. O botonista, ao chutar na trave e não batendo a bola em nenhum botão da defesa adversária, ficando em campo, a posse continuava do ataque.
A pergunta que não queria calar, sendo a trave neutra, porque o chute na trave era rebote do ataque? Isso dava um desequilíbrio, penalizava a defesa que em nosso esporte pouco pode fazer, a não ser uma boa arrumação do goleiro e contar com o erro do adversário. Do jeito que estava, um botonista poderia chutar 2, 3 vezes ou até mais e só cabia à defesa assistir. Em uma determinada jogada, por exemplo, o botonista arruma uma bola perfeita dentro da área, “cara a cara” com o goleiro, como se diz, digamos no 4º toque, chuta na trave, dá mais 3 toques e arruma outra bola. Novo chute na trave no 8º toque, arruma a 3ª bola perfeita no 11º toque, a margem de erro passa a ser quase zero, depois de chutar por 3 vezes.
Era um desequilíbrio visível, veja que estamos dissertando sobre rebotes legítimos, em que realmente os 2 chutes que geraram um terceiro, bateram na trave, esqueçamos nesse momento os lances duvidosos (bola na trave? No goleiro?). Isso muito me intrigava, analisando um pouco mais, se compararmos os rebotes em outros esportes, como por exemplo o futebol, chute na trave, a bola fica sempre com o atacante? Não, a grande maioria das vezes chega a defesa e sai jogando ou dá um bico, ou atrasa para o goleiro. No basquete, bola no aro é sempre do ataque? Enfim, eu não achava plausível esse benefício excessivo do ataque.
Pensando no equilíbrio, me veio a ideia de alteração na regra 12 toques. Com o chute a gol, o ataque perderia a posse de bola, dando vez ao adversário para começar o seu contra-ataque e chutar a gol, a grosso modo, uma chance pra cada um, já que o ataque tem o domínio do jogo naquele momento, a defesa é estática, fica mais justo e equilibrado, além de dar ao jogo uma maior dinâmica. Assim, o erro no chute não seria premiado, o rebote fica natural e não forçado pela regra, por exemplo, quando o botonista chuta e a bola volta para o seu campo de defesa, deixando a bola de difícil acesso ao adversário ou mesmo sem acesso. É um rebote natural, uma pitadinha de sorte, que faz parte de qualquer jogo.
Foi exatamente essa a ideia da mudança, dar dinamismo e equilíbrio ao jogo. Tive essa convicção em 1991, comecei a coversar com os botonistas para explicar a ideia, o porque dela e levei à assembleia de janeiro de 1992 na Federação Paulista de Futebol de Mesa, ainda era por lá que se conversava sobre a regra 12 toques, apesar de já ser uma regra nacional. Na próxima coluna damos continuidade a esse importante capítulo dessa história, não fique ansioso, é daqui a 15 dias, aguardem.
O corretor de seguros Erismar Ferreira Gomes, 58 é paulista, torcedor do Santos F.C, e um apaixonado pelo futebol de mesa e virtual (no video-game). No Futebol de Mesa tem um rastro indelével tanto no espectro da gestão (tendo sido diretor de departamentos em clubes importantes como Corinthians e Maria Zélia) e presidente da Federação Paulista; quanto na qualidade de atleta - onde ostenta inúmeros títulos, incluindo um bicampeonato Brasileiro por equipes e o título Brasileiro individual em 2005 (ambos na categoria masters). Erismar é uma testemunha privilegiada da história e evolução da regra 12 toques pois não apenas a viu nascer mas participou ativamente da sua história.
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