Painel do Mundo
Por Alysson Cardinali (13/04/2025)
“Se o objetivo é conquistar, mantenha o foco em vencer.” Eis uma frase de para-choque de caminhão que muito tem a ver com o nosso esporte e serve de motivação para 11 entre dez botonistas. Realmente são palavras inspiradoras, uma expressão que pode nos dar aquele algo a mais na hora que o bicho pega, por exemplo, nas fases decisivas de uma etapa. Ou momentos antes de uma decisão de campeonato. Mas qual é o melhor caminho para vencer? O que realmente significa vencer?
Este verbo transitivo direto e intransitivo, de apenas seis letrinhas, parece tão simples, prazeroso, dócil, quase inofensivo. Só que não! Conjugá-lo, seja nas mesas, seja na vida, exige algo que vai muito além de nossa vã filosofia. Afinal, é preciso saber vencer, com correção, com honestidade, com honra, com integridade, com dignidade, com honradez, com retidão, com decência. Não é fácil vencer. Há um preço a se pagar para realmente se tornar um vencedor. Sim, acredite, não basta vencer a qualquer preço. Vencer é merecimento. Entretanto, nem todos fazem por merecer tal momento. Aquela tabelada que você finge não ter percebido – e, pior, acredita que seu adversário também não a viu – para continuar palhetando rumo ao ataque. O deslizar do botão que encosta no dadinho, mas não o movimenta, e você ignora e segue a jogada. O embaralhar na contagem dos toques para ludibriar o oponente e levar vantagem...
Onde está o prazer em vencer assim? Utilizando-se de subterfúgios vis, burlando regras, roubando literalmente – para usarmos o português claro. Pode fazer bem para o ego, mas não para o espírito e nem para a alma. Afirmar que o goleiro defendeu – quando, na verdade, o dadinho bateu na trave e saiu – só para ter direito a mais três toques e tentar o gol de uma vitória suja! Garfada! Na mão grande! Infelizmente, não é raro observar tais cenas dantescas nas mais variadas competições.
Veni, vidi, vici... A frase, em latim, cunhada pelo general romano Júlio César em uma carta ao Senado Romano em 47 a.C., após a vitória do imperador na Batalha de Zela, remete a uma vitória rápida e conclusiva. Este famoso “vim, vi, venci”, hoje, é sinônimo de sucesso e determinação. É quando o “craque” empilha vitórias e mais vitórias, com placares elásticos a cada 14 minutos, em busca da consagração no pódio.
Mas e aquela jogada na qual o dadinho toca o travessão, mas você afirma, categoricamente, que foi gol, alegando que ele bateu e saiu do filó? Não basta vencer. É preciso se convencer de que a lisura durante os jogos é fundamental. Vale até citar outra frase cunhada pelos caminhoneiros, a que nos ensina que “vencer não é alcançar objetivos. Vencer é nunca desistir”. Pois não desista de tentar alcançar seus objetivos jogando limpo, respeitando o adversário, as regras, as normas.
Nada de jogar de relógio, com o celular no bolso para vibrar a cada seis ou sete minutos... Nada de perceber que vai ganhar um jogo por W.O., sabendo que seu adversário está no recinto, e não priorizar chamá-lo à mesa para que possa lutar pela vitória dentro de campo. Nada de não respeitar os seis segundos para realizar as jogadas ou preparar o goleiro. Afinal, o objetivo não é simplesmente vencer, é ver quantas pessoas você consegue inspirar a subir no pódio.
Biblioteca de "Planeta Dadinho"
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Nascido em Nova Friburgo (RJ) em 1971, mas morando há mais de 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e Expresso (Infoglobo), revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson é atleta federado, pelo São Cristóvão Futebol e Regatas, na Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro (Fefumerj) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.
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