Painel do Mundo
Por José Carlos Cavalheiro (07/05/2024)
A primeira vez que li que Lionel Messi era o
GOAT achei muito estranho pois, apesar do meu precário conhecimento sobre a língua de Shakespeare, sei que essa palavra significa cabra e, raramente, o craque argentino marca gols de cabeça. Buscando mais informações descobri que
goat significa
Greatest of All Times, ou seja, é o acrônimo em inglês para "o melhor de todos os tempos". A nossa cultura está impregnada de anglicismos. Expressões como bife, coquetel, deletar, esnobe, nocaute são aportuguesadas. Muitas vezes tomamos, literalmente, as palavras do idioma inglês como
diet,
freezer,
gospel,
ranking,
site
ou
slogan.Por que no mundo do futebol seria diferente, já que o próprio jogo tem origem inglesa e seu nome e muitos dos seus termos como corner, beque, time e gol foram devidamente aportuguesados? Fui obrigado a me render às evidências e à mordernidade e aceitei o
GOAT na minha vida.
A maioria das pessoas consideram Pelé, Maradona, Cristiano Ronaldo e Messi como os maiores expoentes do esporte bretão, embora essa lista tenda a variar em função de diversos fatores como clubismo, nacionalismo, gosto pessoal, idade de quem dá a opinião. Mesmo quando se tenta definir o the best usando critérios mais técnicos a coisa se complica. O que vale mais, campeonatos mundiais, habilidade, número de títulos, gols marcados? Creio que na regra 12 Toques pode haver variações mas, a grande maioria irá citar um desses quatro grandes atletas como os maiores de todos os tempos, recaindo no mesmo problema de conseguir estabelecer um parâmetro me indique o GOAT da nossa regra:
► Jefferson Genta - "campeão de tudo que se pode ganhar" (individual e coletivamente) incluindo 1 Mundial, 3 Sulamericanos e títulos Brasileiro em três décadas diferentes (1991, 2002, 2014). Genta é dono de um jogo "simples e objetivo" mas vertical e absurdamente competitivo. Ninguém no futebol de mesa foi tão constante tecnicamente por tanto tempo.
► Mauro Michilin - campeão brasileiro individual em quatro oportunidades (1995, 1998, 2001, 2005), um dos pilares da vitoriosa sequência de títulos brasileiros da S.E. Palmeiras, Mauro foi dominante numa época em que ser constante era algo muito mais desafiador pelas condições de jogo (como a parca padronização dos equipamentos). Um dos maiores finalizadores da história
►
Robertinho Rodrigues - único tricampeão brasileiro consecutivo (2009, 2010, 2011) somando mais outros dois títulos (1999, 2013), Robertinho é também o maior vencedor da Copa do Brasil, faturando as edições de 2007, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017 - uma marca que dificilmente será igualada. Simplesmente o maior campeão individual da história dos eventos nacionais. Um atleta vencedor e cerebral.
►
Quinho Zuccato - campeão brasileiro adulto mais jovem da história e, praticamente, absoluto na atualidade. Maior campeão nacional de clubes. Maior campeão Brasileiro individual da história com 6 conquistas (2003, 2004, 2007, 2017, 2022, 2023). "De quebra" ostenta títulos mundiais também por equipe e individual. Mentalmente muito forte, Quinho é, para muitos, o atleta mais completo que o futebol de mesa 12 toques já produziu.
Na minha opinião, há um novo candidato a GOAT surgindo. O paranaense Victor Heremann já tem seus títulos de campeão brasileiro (2018) e da Copa do Brasil (2008). Ele também foi campeão individual em todos os três estados por onde passou, que são exatamente aqueles que compõem o eixo mais forte da regra 12 Toques no Brasil: Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, em mera ordenação alfabética. Victor tem uma predileção pelos campeonatos por equipes e, nessa categoria, conquistou os campeonatos estaduais interclubes dos estados acima citados, como também o campeonato brasileiro pelo IVN (PR), Vasco da Gama (RJ) e São Paulo (SP). Quando a humanidade colonizar a Lua e Marte, certamente, no primeiro campeonato interclubes da regra, Victor será convidado para fazer parte de alguma equipe...
Acrescentaria outros dois botonistas da atualidade que merecem grande destaque e que podem, eventualmente, no futuro ingressar nesta espécie de "Olimpo do futebol de mesa" caso sigam o extraordinário caminho de desenvolvimento técnico que vêm apresentando, são os dois últimos campeões mundiais Nando Jesus (Vasco da Gama) e Dennis Albarello (atualmente no círculo Militar-SP). Nando é um jogador de grandes recursos na mesa e possui um estilo próprio de construir seus ataques - uma espécie de assinatura em sua forma de jogar - algo muito raro no circuito. Albarello é um jogador clássico, inteligente e tático - além de imprimir cenários desconfortáveis aos seus oponentes, tem se mostrado cada vez mais um grande finalizador.
Da mesma maneira que no futebol, nunca chegaremos a ter uma opinião unânime sobre o tema, pois ele envolve percepções e classificações pessoais. Para você, prezado leitor, quem é o nosso
GOAT? Deixe aí seu comentário e contribua com essa discussão.
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Formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Carlos Marques Cavalheiro, nasceu na capital carioca no ano de 1962. Foi atleta de futebol de mesa na regra 12 Toques de 1998 a 2005, quando foi viver em diferentes lugares: São Paulo, Paris, Jundiaí e Bogotá, onde atualmente reside. É o responsável pelo site da FEFUMERJ desde dezembro de 2004. Atualmente exerce o cargo de Diretor de Comunicação da entidade.
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