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MUNDO BOTONISTA
Tá no filó

Por Giovanni Nobile (27/07/2025)

Nada é urgente

Esse título não é meu. Li numa crônica da escritora, ilustradora e professora Carolina Vigna, no jornal Rascunho, o maior jornal de literatura do país. Essa parte é dela, mas daqui para baixo, assumo a responsabilidade: peguei esse texto enquanto lia o portal do jornal no final de semana. E eu lia, sabendo que tinha que estar escrevendo a minha crônica. Deadline chegando, o tempo passando e eu lendo, com minha xícara de café ao lado, tranquilo, como se nada fosse urgente. E eis que a crônica dela me pegou: nada é urgente.

Tá, não ser urgente não justifica uma falha no compromisso com o prazo de envio desta crônica que aqui escrevo, atrasado. No entanto, ensina que é melhor caminhar sem pressa.

Isso me fez lembrar dos torneios de futebol de botão em um tempo em que, comparado com hoje, não existia pressa. As tardes eram sólidas e as palhetadas construíam as jogadas com calma, com passes pensados, costurando com a linha do tempo o melhor caminho, garimpando o melhor ângulo para o chute a gol.

Hoje, no tempo do Fomo (Fear of Missing Out, ou seja, Medo de Estar Perdendo Algo), vivemos esse fenômeno caracterizado pela ansiedade de perder experiências, eventos ou informações que outras pessoas podem estar desfrutando. Frequentemente surge da percepção de que alguém não está participando de atividades importantes, levando a sentimentos de inadequação e ansiedade. A escritora Carolina, citada aqui no começo, comenta também sobre este Fomo. Ele está particularmente associado ao uso excessivo de redes sociais e smartphones, já que os indivíduos podem sentir a pressão de permanecer conectados e informados sobre a vida dos outros. Esta síndrome pode impactar significativamente a vida cotidiana.

Num mundo ansioso e imediatista, a ideia de construir algo de maneira lenta, pensada, sem pressa, será sempre o melhor caminho. Esse trecho é da crônica lida no jornal Rascunho. E olha só se não é uma das próprias definições possíveis do que é jogar futebol de mesa: construir uma jogada lenta, pensada, sendo este sempre o melhor caminho. Quantas vezes, na pressa, errei a pressão, o passe saiu longo demais, o chute saiu sem a melhor direção. A calma está para o jogo e está para a vida. No futebol de mesa, assim como na crônica ou no dia a dia, vale sempre lembrar: nada é urgente. Já, sobre prazos, é bom cumpri-los. Atrasar é diferente de não ter pressa. Levar uma vida calma é não ter pressa. E respeito não tem preço. Peço desculpas pelo atraso nesta crônica. Mas, se serve de consolo, foi o acaso do atraso que me fez encontrar o fio da meada desta nova crônica, já que caminhando com calma a gente consegue contemplar melhor a paisagem – e encontrar o melhor ângulo para o chute a gol.

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Giovanni Nobile

Giovanni Nobile é jornalista e fundador do Águia Branca Futebol de Mesa (time que nasceu nas quadras de futsal em Santo Antônio da Platina, no Paraná, fez um jogo em 1997, ganhou, e se orgulha de ser o time há mais tempo invicto no mundo - tudo bem que nunca mais jogou, mas essa é outra história). Seu melhor resultado nas mesas foi um vice-campeonato de etapa na série extra da Liga União, cuja medalhinha tem guardada até hoje. Há mais de 10 anos, vive em Brasília. Por aqui, traz crônicas aos domingos sobre o nosso Mundo Botonista.

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nobile@mundobotonista.com.br

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