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MUNDO BOTONISTA

Por José Carlos Cavalheiro (13/08/2025)

O Futebol Chapas na Espanha

Dando continuidade ao grande painel que justifica o espírito desta coluna - de trazer a você, leitor, as diferentes formas de se traduzir o amor pelo futebol sobre uma mesa, falamos com o Sr. Juan Carlos Pendolero — presidente da Federación Española de Fútbol Chapas — para sabermos um pouco mais sobre a origem e o desenvolvimento dessa regra na Espanha. Quero começar lembrando que algumas nações são soberanas em cada uma das regras internacionais praticadas aqui sob o aval da CBFM. Enquanto nós, brasileiros, dominamos na regra 12 Toques, os húngaros no Sectorball e os italianos no Subbuteo, os espanhóis imperam no Futebol Chapas, tanto pelo número total de atletas praticantes e pela qualidade técnica deles quanto pela organização da sua federação.

Nas décadas e 1970 e 1980, do século passado o fútbol chapas se popularizou entre as crianças espanholas por ser um jogo muito acessível economicamente, pois podia ser jogadono chão das casas, colégios e ruas, imitando uma partida de futebol. Era jogado com tampinhas de garrafa e geralmente era personalizado com rostos de jogadores recortados de revistas ou figurinhas, algo muito semelhante ao que acontecia no Brasil com as vidrilhas, os botões de plastico e acrílico no mesmo período.

Nas décadas de 1990 e 2000, sua popularidade decaiu em comparação aos videogames, embora tenha conseguido se manter viva graças ao esforço de muitos desses jovens, hoje adultos, que decidiram continuar jogando de forma mais ou menos organizada, outra similaridade com o que passou no Brasil. Até que, como resultado dessa dedicação, nasceu em Madri, em 2003, a LFC (Liga Fútbol Chapas), sendo Madrid, Valladolid, Cáceres, Alicante, Castellón, Villagarcía de la Torre e Almería os clubes participantes naquele primeiro ano. Finalmente, em novembro de 2005, foi disputado o Primeiro Campeonato Espanhol, sendo o jogador José Rodríguez proclamado Campeão Individual.

O objetivo da Asociación de Fútbol Chapas era padronizar e consolidar a prática deste jogo, que alguns de seus jogadores consideram um esporte, em um único conjunto de regras. Isso o tornaria muito mais fácil e compreensível, permitindo a organização de campeonatos em toda a Espanha. Da mesma forma, a LFC e seus clubes membros promovem e disseminam este jogo ao longo do ano por meio de associações, escolas, eventos sociais e muito mais.

Ao longo dos anos, nasceram diferentes competições locais (ligas, taças, masters, ...), provinciais (Superligas), regionais (campeonatos regionais) e até estaduais (Opens), e internacionais (em Portugal realiza-se um Open) e, claro, consolidou-se o Campeonato Espanhol, que é atualmente o maior evento do futebol de elite, e que reúne todos os anos os melhores jogadores nacionais que lutam pelo título.

O LFC atua como uma associação, e representantes de cada clube selecionam mudanças nos regulamentos, cronogramas de competições, etc., em reuniões e por votação. O atual presidente é Juan Carlos Pendolero, do clube de Móstoles.

O Fútbol Chapas cresceu na Espanha com a criação de mais clubes que se juntaram à LFC, que por sua vez cresceu em número de jogadores a cada ano. Atualmente, a LFC possui uma federação, um órgão de competição e um órgão disciplinar, cada um com seu próprio regulamento unificado. Conta com 32 clubes e mais de 600 jogadores, espalhados por toda a Espanha, com presença em quase todas as 17 comunidades autônomas. Diferentemente do que acontece no Brasil, a LFC tem a peculiaridade de aceitar os chamados jogadores "livres", que não são membros de nenhum clube, seja porque não existe um em sua localidade ou porque não podem jogar o ano todo, mas que se inscrevem em vários torneios abertos ao longo da temporada.

Podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que em qualquer dia da semana há alguém jogando essa regra em algum lugar da Espanha, e que a cada duas semanas, entre 60 e 100 jogadores viajam para competir em Opens por todo o país ibérico, sendo o Móstoles Open o que tem mais participantes até agora, com quase 150 jogadores.

Atualmente, equipes como Mérida, Alcalá de Henares, Madrid, Ciudad Indálica são as que lutam pelo título de melhor da Espanha, enquanto em nível individual, atletas experientes como David Ruiz, Juanlu Jiménez, Quini Romero, José Rodriguez, são os que competem para levar o título de melhor jogador individual, embora ultimamente, os jogadores juniores tenham se esforçado muito, e em suas primeiras temporadas, atuando como seniores, estejam ganhando Opens, como é o caso do muito jovem Roberto Plaza, e até Marcos Fernández se tornou campeão espanhol, e outros como Dani Pendolero, que ainda compete em Juniores, mas que promete dar trabalho em suas aparições como senior.

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Formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Carlos Marques Cavalheiro, nasceu na capital carioca no ano de 1962. Foi atleta de futebol de mesa na regra12 Toques de 1998 a 2005, quando foi viver em diferentes lugares: São Paulo, Paris, Jundiaí e Bogotá, onde atualmente reside. É o responsável pelo site da FEFUMERJ desde dezembro de 2004. Atualmente exerce o cargo de Diretor de Comunicação da entidade.

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