Painel do Mundo
Por Gustavo Martorelli (25/05/2024)
Caro leitor, acalme-se. Essa não é uma crônica da política brasileira. Em uma espécie de continuidade do que foi publicado anteriormente, quando escrevi sobre aqueles que têm “dificuldade” para cumprir a regra, hoje eu quero tratar sobre aqueles que não a cumprem de forma proposital (conhecidos também como “catimbeiros”) e o quão prejudicial essa atitude é para ele, para seus adversários e para o esporte no geral.
Permitam-me trazer à essa coluna uma ilustração que é destinada, usualmente, para o público infantil, mas cabe a didática pedagógica também aqui. É a história do menino que queria sujar a roupa que estava estendida no varal do vizinho jogando carvão nela. Deixando transbordar sua maldade, o menino quer sujar o lençol branco recém-lavado. Ele pega um saco de carvão e começa a arremessar, carvão por carvão, tentando acertá-lo. Não vou psicologizar a ilustração, mas podemos perceber que a maldade do menino fez com que o lençol branco ficasse pouco sujo, o ambiente bastante sujo e o próprio menino ficou parecendo que vivia dentro de uma carvoaria de tanta imundície.
Podemos equiparar aqui o jogador catimbeiro com o menino mau. Por seu próprio ímpeto vil, entende que pode fazer qualquer coisa para evitar um resultado indesejado e então abre sua caixa de ferramentas da perversidade – o saco de carvão – e começa a distribuir feiuras no jogo. O que o catimbeiro não percebe é que o insucesso dele é maior do que o resultado contra o alvo momentâneo. O rastro de sujeira que é deixado é a mácula generalizada, pois o antijogo não afeta somente o adversário em uma partida de 20 minutos, mas abrange todo o esporte. É enlamear a piscina em que se nada. O amor ao esporte é claramente relegado a qualquer nível, em menor importância, em troca do egocentrismo do menino mau.
E, em última comparação, o mais afetado pela catimba é o próprio catimbeiro. Sua reputação é indignificada por ele mesmo, seu nome não vale mais nada na praça e a mancha na carreira nenhum “Vanish Ultra Power” é capaz de tirar. O convite é que cada um examine sua consciência de modo sincero, daquele jeito que só você pode fazer consigo mesmo, e tente enxergar se essa carapuça te serve. Se sim, deixe-a enquanto é tempo. O arrependimento diante de uma má conduta é nobre, limpa reputações e engrandece o esporte.
Gustavo Martorelli, conhecido como Guga, nascido em São Caetano do Sul (SP), é federado desde os 12 anos quando oficializou uma tradição de família. Hoje é empresário em Campinas e formado em Direito e Teologia. Passou por ABREVB, São Judas, Meninos FC e Palmeiras. Voltou a defender o Meninos FC em 2023. Morou em diversos países como África do Sul, Senegal, Gâmbia e Jordânia, trabalhando com desenvolvimento humanitário e, além do arroz e feijão, do que mais sentiu falta foi de jogar botão.
....................................
guga@mundobotonista.com.br
(019) 99650-5605