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MUNDO BOTONISTA

Mario Augusto D’Amore, nascido em São Paulo em 1973, vive na capital e atua com registro de animais na ABCCH. Começou no futebol de mesa aos 6 anos de idade, brincando com tampinhas em casa, e hoje joga a regra 12 toques. Apesar da paixão pelo jogo, confessa com bom humor ser um “tabeleiro” – pois anda sem tempo até para visitar o Grêmio Butantã - garagem onde se reúne para praticar com os amigos. Seu entusiasmo permanece vivo, mostrando que o futebol de botão segue firme no coração, mesmo na correria do dia a dia. Ele dedica esta tribuna para destacar a figura do "tabeleiro"  figura que conecta pessoas e sonhos no futebol de mesa, organizando torneios com arte, emoção e amizade.

Tabeleiro

Por Mario Augusto D'Amore (03/08/2025)

Quem um dia abriria mão de jogar só para ficar nos bastidores viabilizando algo que poucos fazem ou se propõem a ajudar para que um torneio, oficial ou não, seja possível e organizado? A responsabilidade e o papel do tabeleiro são de fundamental importância para que os amigos botonistas de todo o globo possam desfrutar do esporte querido e se conectar com outros igualmente praticantes. Fazer tabelas não é um mero exercício de abrir um aplicativo como um Excel, por exemplo, e distribuir equipes e técnicos (jogadores) fria e planilhadamente.

O ofício do tabeleiro é uma arte: a arte das conexões. Uma boa conexão leva água a bairros e localidades remotas e quase impossíveis. Leva viajantes a destinos inalcançáveis. Leva a possibilidade de comunicação sem sair do lugar de uma pessoa num continente a outra, noutro continente, e até ao espaço. Enfim, leva vida à vida.

Quando o tabeleiro organiza numa planilha ou em um quadro um torneio, ele não apenas monta a agenda e a estrutura dinâmica do mesmo, mas ele conecta pessoas. É lindo ver que Fulano (campeão no ano anterior), na rodada X, vai jogar com Ciclano (novato ou estreante na garagem ou no clube). É fantástico ver que, na rodada Y, o vice vai pegar o terceiro do ano passado, ou ver que, na rodada Z, o primo do campeão que joga na agremiação A, vai jogar com seu próprio irmão, que defende a agremiação B. As possibilidades são quase infinitas e conectam pessoas, jogadores, gente que sonha alto em um dia ser um campeão brasileiro oficial com outro que só quer ter ali um momento de diversão.

Olhar para a tabela e ver o que o mundo botonista produz e multiplica é um grande prazer e a grande esperança de eternidade do esporte. E ver as surpresas das rodadas, o azarão vencendo o favorito, o primeiro colocado perdendo para o último, o novato arrancando um empate do veterano, é algo que mexe com o coração e descortina o barato do esporte.

O tabeleiro, muitas vezes, não está presente, não joga, mas observa através do panorama que organiza, um mundo peculiar de possibilidades.

"Poxa, será que fulano ensinou aquele novato durante o jogo?"
"Será que sicrano ficou p... com aquela derrota?"

"Será que aquele jogador que está em franca evolução conseguirá se classificar para a próxima fase?"


São algumas poucas das milhares de perguntas que o tabeleiro, em seu "universo solitário", faz, imaginando um dia poder voltar a estar presente com os amigos, compartilhando as palhetadas, as risadas, os sonhos, os gols e os abraços de confraternização.

Estando ou não nas mesas, ele é fundamental para a conexão mais essencial da humanidade botonística: a amizade construída, vivida e desfrutada, a qual é um emblema em nosso querido futebol de mesa. Ao tabeleiro, vida longa!


Esse texto é de um tabeleiro que encara, dia a dia, a saudade das mesas — o "estagiário" do Grêmio Butantã — que é mais conhecido por ser irmão do Marco Butantã.

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Breno Marques

Este espaço é dedicado à publicação de textos dos leitores no Portal Mundo Botonista. Uma forma poderosa de nos conectarmos com a comunidade de fãs e de adeptor do futebol de mesa. Ao valorizar vozes diversas, o portal enriquece seus conteúdos com experiências pessoais, opiniões autênticas e narrativas originais inspirando, sobretudo, nossa expressão criativa. Nosso desejo é fortalecer os vínculos com o público e transformar nossos leitores em protagonistas do próprio conteúdo. Acreditamos num espaço dinâmico, plural e acolhedor para todos que amam e praticam o nosso esporte.
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