Painel do Mundo
Por Rafael Pena (27/05/2024)
Na nossa última coluna apontamos uma série de fatos que mereciam atenção no enfoque TOCAR O JOGO ou SE TOCAR PARA O JOGO. Traçamos uma série de pontos que, no nosso entender, merecem atenção da comunidade botonística, em especial a que pratica a Regra 3 Toques, com o intuito atingirmos uma sustentabilidade e, até mesmo crescimeto, no número de praticantes da regra. Trouxemos uma série de reflexões a partir de perguntas do tipo ONDE JOGAR?, “COMO TRAZER PESSOAS PARA O MOVIMENTO?, COMO CATIVAR AS PESSOAS A SE MANTEREM PRATICANDO?, e vários outras que poderiam servir de base para a criação de uma política de âmbito estadual e nacional para a 3 Toques. Apontamos as feridas e agora, gostaríamos de trazer à reflexão, o que cada um, botonistas e/ou clubes poderiam fazer, de maneira concreta para que o peso da sobrevivência da regra hoje não repouse apenas nos ombros da confederação e das federações.
Inicialmente, vale esclarecer que o que será escrito aqui representará apenas a minha percepção de como podemos ajudar. Reitero, a minha opinião. Obviamente, não sou o dono da palavra final, muito menos da razão. Pode ser que você, ao final, concorde ou discorde das propostas de ajuda que detalharei. Não haverá certo ou errado. É importante deixar isso claro. Como já devem ter percebido pela leitura dos meus textos anteriores, o que mais me motiva a escrever sobre esse tema é tentar fazer com que cada um deixe para trás a estagnação e que se movimente, cada um a seu jeito, cada um a sua maneira, em prol da regra. Voltando aos anos 1990, quando tinha aulas de física com meu professor Tom Zé, aprendi que a força de atrito estático ocorre quando uma outra força aplicada não é suficiente para mover o objeto. Geralmente, a força para romper com o atrito estático é sempre maior que aquela do atrito cinético (que é a força necessária para manter o corpo em movimento). A sugestão de hoje é que cada um se proponha a quebrar a sua linha estática. Muitas das vezes nós botonistas, ficamos "sentados no trono do apartamento, com a boca escancarada , cheia de dentes, olhando para o tempo, esperando a morte chegar" (citando Raul Seixas), esperando que tudo se resolva apenas por ações de cima para baixo, vindas das federações e da confederação. Ainda que você se encare como um cisco nesse nosso universo botonístico e você ache que nada do que fizer possa refletir positivamente no movimento, reveja esse pensamento. John F. Kennedy, então presidente norte-americano, certa vez disse: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país.” O que você pode fazer pelo futebol de mesa? O que você pode fazer pelo seu esporte? Não vou escrever hoje um tratado sobre o assunto. Vou me ater a algo simples, factível e palpável para cada um de nós: mostrar ao mundo que existimos.
Assim, num primeiro plano, a estratégia mais evidente que podemos usar é não termos vergonha de anunciar aos quatro cantos que praticamos o futebol de mesa. Depois disso, se já nos identificamos como botonistas da 3 Toques, que talcompartilhar fotos, vídeos, links dos clubes, do Mundo Botonista, dos jogos ao vivo ou filmados? Tal procedimento ajudaria muito o movimento. Se o seu clube não possui redes sociais, você pode inserí-lo nesse universo e e divulgar seu conteúdo. Lembrem-se das máximas “quem não é visto não é lembrado” e “o que você fez pelo seu país hoje?” Foi, exatamente, sobre essas sentenças que no clube onde jogo – o Liberdade Futebol de Mesa – vimos a necessidade de de fomentar nossas redes sociais. Através de um trabalho que envolve todos os associados, conseguimos alcançar muitas pessoas nas redes sociais e várias delas vieram jogar conosco. Hoje, no Liberdade, semanalmente publicamos gols, jogos, resenhas, fotos das rodadas, dos encontros dos amigos, das competições que participamos. A divulgação de materiais tem a participação de todos. A cada rodada, quando o diretor técnico escala os jogos e os árbitros, ele determina também quais as pessoas que estão de folga e disponíveis para as filmagens. Assim sempre temos material para divulgação. Posteriormente,, concentramos esse acervo digital para uma pessoa editar e publicar. Essa política rendeu frutos. Hoje contamos com quase oito mil seguidores em nossas redes sociais. Nos últimos anos conseguimos novos botonistas que vieram através dessas publicações e do compartilhamento de fotos, vídeos, resenhas, etc. Muitos vieram jogar conosco através dessa ação simples. Ainda que o botonista não seja um expert em fotos e filmagens, ele pode, no mínimo, clicar, curtir, compartilhar niosso conteúdo em suas redes sociais. Isso dá uma amplitude que não conseguimos dimensionar, mas que, com certeza, geraram frutos. Além de botonistas, conseguimos empresas que nos dão apoio e patrocínio, cada um a sua maneira, que nos ajudam a manter o clube em funcionamento (o Liberdade é um clube específico para futebol de mesa e é 100% custeado pelos seus atletas).
Na região metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, no Grêmio Mineiro, o amigo Gustavo Heavy também se dedica a documentar e divulgar vídeos, gols e jogos do seu clube. Na Atlética do CEFET, o amigo Leandro Cristino faz um podcast semanal relatando as rodadas dos clubes de Belo Horizonte e região que praticam a 3 toques. Outro clube da grande BH, o Grêmio Vetor Norte, através do amigo Fábio Poeta, também tem publicações semanais do que acontece no clube e com os seus atletas. O legal disso tudo é ver que as curtidas, comentários, compartilhamentos, não se restringem só ao atletas de cada um desses clubes. Quando não procuram o Liberdade, procuram nos demais. Isso é fazer a roda girar. Todos os clubes entendem que um não consegue viver sem o outro e que a divulgação, as conquistas, os vídeos, fotos e resenhas de um afetam positivamente a toda a comunidade. Em Brasília, o nosso amigo Zé Ricardo Almeida (também colunista do Mundo Botonista), desenvolve um projeto de divulgação da 3 Toques (e de todas as outras regras) no Museu Virtual do Futebol de Mesa. Mundo Botonista, é uma referência na divulgação do esporte , como também site da FEFUMERJ.
O fato é que, se cada um se propor a assumir a dupla função de botonista e divulgador do esporte, na medida da sua capacidade, já terámos uma força gigantesca na luta pela manutenção e propagação da regrs e, até mesmo, na captação de novos atletas. Poderámos ficar mais tempo aqui, lendo e escrevendo sobre o que cada um poderia fazer para ajudar a 3 Toques, mas acho que o mais importante é lançar a ideia de que o papel de zelar pela sobrevivência da modalidade não passa somente pelas federações e pela confederação e sim, por cada um de nós.
A minha sugestão passa pelo marketing e pela divulgação frequente. E para você, qual seria sua sugestão de ação viável?
Mineiro de Belzonte (Belo Horizonte para quem é de fora) Rafa Pena também é advogado, fotógrafo, pai, filho, cruzeirense de arquibancada (mas que se dá bem até com os atleticanos tanto é que se casou com uma), escoteiro, zoeiro (gosta de uma piada e uma troça), videomaker, fusqueiro e Kombeiro, participa de canais do YouTube que falam de futebol e do Cruzeiro, fã de Chaves e Star Wars, e mais um monte de coisa que ajuda a tornar a vida mais prazerosa. Joga botão desde o “estrelão” e por isso, quando conheceu a Regra 3 toques em dezembro de 2008 e teve que batizar seu time já lançou “Estrelão da Madrugada”, homenagem à sua origem e ao Seu Madruga. Procura jogar, se divertir e manter a história e a chama do botonismo aonde passa. Mais que isso, só chamando para prosear (se tiver café e pão de queijo, melhor ainda).
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