Meus times de botões não são apenas pedaços de acrílico, engana-se quem tem tal pensamento, eles têm alma, não falam, mas têm sentimentos e acredite, eles te ouvem, vou provar isso na história abaixo.
O ano é 2007, eu estava jogando no extinto time do São Judas, jogava com um time do Barcelona, vermeho e azul, aqueles do Pexe, que vinham com 16 botões. Estava em uma boa temporada, havia ganhado medalha em um Torneio Integração e estava entrando constantemente nos jogos por equipes.
Enfrentamos a equipe de aspirantes do Fundação e o jogo estava encrencado, entrei na quarta rodada e ganhei meus três jogos, no final, ganhamos do CREF. O nosso técnico me deu os parabéns e já avisou que no próximo jogo, que seria contra o Maria Zélia, em 15 dias, eu seria titular.
Cheguei em casa e ao ler as notícias descobri que o Barcelona havia contratado o craque francês Henry, não tive dúvidas, peguei a acetona da minha mãe, tirei Saviola e coloquei o carrasco da seleção brasileira em seu lugar.
No dia seguinte aprendi uma lição, jamais troque a decoração de um botão, isso dá um tremendo azar. Quando decoramos o time, damos ao botão não apenas um nome, um número e um escudo, damos a ele uma alma, uma energia cósmica, e acredite, ele não gosta de ser rebatizado, aliás, quem gosta?
Os resultados, após esse erro da minha parte, foram ruins, eliminação na primeira fase do Aberto, derrotas nos treinos, até do Tavares eu perdi (Tavares é um amigo que era um grande freguês).
Um sábado cheguei em casa, após mais um insucesso, dessa vez no nosso Torneio Interno, coloquei os botões em cima da mesa e falei com eles, sim, falo com meus botões, eles me entendem. Após essa conversa, percebi que eles estavam insatisfeitos comigo, na mesma hora peguei a acetona e tirei o Henry, recolocando o Saviola no time.
No treino seguinte, as bolas voltaram a entrar, senti uma energia positiva e aprendi que jamais se redecora um botão já batizado.
Você que está lendo pode achar que sou louco, e se acha isso, eu te dou total razão.