Painel do Mundo
Por José Carlos Cavalheiro (13/04/2023)
“A brincadeira de criança que virou coisa séria”. Essa frase foi durante muito tempo um lugar comum nas reportagens que tinham como tema o esporte futebol de mesa. Ela reflete muito bem a dualidade do jogo e os preconceitos envolvidos contra quem o pratica. Afinal, o futebol de mesa é lazer ou esporte ou ambos?
Quem retoma o jogo em sua vida, na imensa maioria dos casos, busca o reencontro com uma parte prazerosa da sua vida, com algo lúdico que ficou no passado e que em dado momento se quer trazer de volta. Nesse primeiro momento, o futebol de mesa é um lazer, algo para espairecer, para passar momentos agradáveis ao lado de amigos ou conhecidos que compartilham o prazer que esse jogo pode proporcionar. Alguns desistem desse lazer, outros persistem e alguns poucos vão para a prática esportiva oficial. E podemos afirmar categoricamente que esta última não é lazer. Embora possa ser prazerosa, há um preço a se pagar. O esporte organizado requer dedicação, disciplina e comprometimento não só consigo mesmo, mas com a entidade que se está representando e com seus companheiros de agremiação.
No lazer, obviamente podem existir dedicação, disciplina e comprometimento mas entendo que isso se dá de maneira mais fluida. Outro ponto a ser tocado é o nível de excelência que se pode alcançar quando se pratica uma atividade como lazer em comparação àqueles que o fazem para competir de maneira oficial. Pode-se alegar que os que jogam em suas garagens e ligas amadoras podem chegar a ter alto nível técnico e de competitividade, fruto da dedicação e da disciplina. Não duvido! Entretanto, as portas dos departamentos de futebol de mesa oficial estão sempre abertas para qualquer um que queria praticar o esporte, o que nem sempre ocorre quando atletas federados querem jogar em outros lugares.
A diferença fundamental entre o lazer e o esporte, para mim, está no sentido de responsabilidade que a prática de uma atividade envolve pois, no esporte, se está representando um clube, uma federação de maneira oficial. Sendo assim, as atitudes individuais, boas ou más, irão refletir na instituição pela qual se joga. No lazer, na maioria das vezes, essas entidades esportivas nem existem de maneira formal. Vestir a camisa de clube, seja ele ligado ou não ao futebol, traz consigo uma responsabilidade muito grande embora, muitas vezes, os atletas federados não se dão conta dela. Representar uma instituição é um peso que quem joga apenas por lazer, muitas vezes, não está disposto a carregar.
Regressando á pergunta do primeiro parágrafo, como devemos então encarar o futebol de mesa? O que move o ser humano são as necessidades e os desejos. O ser humano não necessita do futebol de mesa para existir, mas alguns podem ter o desejo de se destacar através dele ou de desfrutar de um ambiente agradável com pessoas queridas. Entendo que cada um deve fazer o que lhe faz sentir melhor. Assim, joguemos botão, não importa onde e que cada um seja feliz à sua maneira.
Formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Carlos Marques Cavalheiro, nasceu na capital carioca no ano de 1962. Foi atleta de futebol de mesa na modalidade Bola 12 Toques de 1998 a 2005, quando foi viver em diferentes lugares: São Paulo, Paris, Jundiaí e Bogotá, onde atualmente reside. É o responsável pelo site da FEFUMERJ desde dezembro de 2004. Atualmente exerce o cargo de Diretor de Comunicação da entidade.
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