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MUNDO BOTONISTA

Por Luiz Oliveira (22/07/2024)

Eu sei, mas não deveria

O que fazer na hora que tudo parece estar errado? Por mais besta que possa parecer, talvez a melhor resposta seja um angustiante e sonoro “Não sei!”. Assumir que você não sabe alguma coisa é poderoso demais. Mas é assumir de verdade e não só da boca para fora. É como aceitar o nervosismo sem fingir que está firme ou aceitar o peso que as coisas têm sem jogá-las para baixo do tapete. Talvez essa seja a forma mais justa, rápida e consistente de resolver problemas. 

Quem convive comigo sabe que posso passar horas falando sobre mil teorias do esporte. De formas de treinamento psicológico até fisiologia aplicada ao futebol de mesa. E não estou apenas contando histórias. Eu realmente estudei. No final das contas, isso resolveu todos os problemas que eu descrevi lá na primeira temporada de Losers? Não, amigos. Não resolveu. Nessas horas eu só consigo pensar em: como ajudar outros atletas a crescerem no meu time se o que eu estudo nem se aplica direito a mim? Bom… é aqui que entra o elemento mais poderoso: não sei. O não sei me levou a perguntar, e estar realmente aberto, a ouvir pessoas que talvez não tenham lido 10% do que já li e assisti relacionando tudo ao esporte. A entender que as minhas horas de reflexão poderiam e precisavam ser revistas, ou até, que estudar a forma de resolver um problema pode ser muito mais produtivo do que ler antes da experiência me mostrar que teria tal necessidade. 

Duas pessoas foram muito importantes nesse processo e na mesma semana. Pessoas que certamente estudaram muito, mas muito mesmo mais que eu. Uma delas me fez voltar ao básico: "Luiz, qual é o seu perfil? Chute da frente, ponta, intermediária, por cima, cantos? Qual a sua velocidade de jogo,alta, média, baixa? Qual o perfil do time que você joga?" Isso sempre esteve na ponta da língua e, para quem estuda, parece óbvio demais. Só que naquele momento eu me permiti não saber e também me permiti repensar o básico. Isso mudou completamente a minha forma de analisar o jogo e jogar.

A segunda pessoa me disse: "Você tem que pensar positivo. Tem que pensar que você vai acertar. Que você vai ganhar pela primeira vez de alguém que não ganhou nunca." Também parece óbvio, mas não saber se meu pensamento é, de fato, positivo, me fez encarar o assunto com menos medo e me fez buscar formas de ensinar o cérebro que a gente constrói o pensamento positivo tijolinho por tijolinho. 

A maior reflexão que trago para esse texto é que talvez a maior qualidade do técnico não está em ser aquele que sabe tudo, mas sim aquele que tem a maior capacidade de ouvir e repensar tudo.

Luiz Oliveira é jogador de 12 toques e designer, trabalha com tecnologia e se empolga com facilidade ao ver estratégias bem feitas e análises de dados. Palmeirense desde sempre, professor universitário durante sete anos, baixista e DJ por diversão, além de ser um eterno estudante que está sempre atrás de algo novo para se aprofundar.

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luiz_oliveira@mundobotonista.com.br
(011) 98757-0035

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