Painel do Mundo
Por Roberto de Lara Rodrigues (01/05/2024)
O futebol de mesa sofre a influência de fatores internos e externos e se considerarmos minuciosamente cada detalhe que pode interferir no jogo, entenderemos toda a complexidade de praticá-lo em alto nível. Seja por um dia conturbado, trânsito intenso, de problemas para resolver no trabalho, com nossa saúde ou com alguma urgência na família, não importa - nosso estado mental vai afetar nosso rendimento. Devemos separar as situações ruins que enfrentamos e focar no jogo, o que é muito fácil na teoria mas extremamente difícil na prática. Exercícios de relaxamento e respiração podem e vão auxiliar neste momento, dediquem alguns minutos para isso. Se aliarmos um sono adequado, alimentação saudável e treinos periódicos, o aperfeiçoamento é certo.
Como o futebol de mesa é um esporte de precisão, ele nos exige algumas valências físicas como a coordenação, o equilíbrio e a resistência - além do controle mental, planejamento estratégico, entendimento do jogo e adaptação à mesa e bolinha. Uma rajada de vento ou o ar condicionado pode interferir no andamento da partida. Um atleta comemorando ou brigando com seu adversário na mesa ao lado, pode tirar sua concentração e desviar seu foco. Piso desnivelado ou pressa na montagem da mesa, pode fazer com que a bolinha tome um rumo indesejado e afete o resultado final. Em alto nível, um único lance pode ser a diferença entre a vitória e a derrota. Há campeonatos jogados mesclando mesas novas e velhas, bolas boas e outras nem tanto. Jogar uma partida em uma mesa nova com bola boa e a partida seguinte em uma mesa gasta com uma bolinha imperfeita tira qualquer botonista do sério e pode prejudicar toda a sequência no campeonato. Esses fatores externos ao jogo potencializam ainda mais o quão complexo é nosso esporte. Resiliência e capacidade de adaptação parecem não ser suficientes ante tantas variáveis.
O certo a fazer é não deixar que todos esses fatores alterem o estado emocional. Precisamos nos manter sempre concentrados, focar na solução e não no problema. A mesa está caída? Faça a jogada sabendo que a bola irá pender para esse lado. A bola está ruim? Não deixe o chute para o último toque, mantenha dois botões próximos à bola para ter uma chance de corrigir qualquer desvio. Adversário próximo à mesa fazendo sombra no gol? Peça gentilmente que ele afaste um pouco e diga que está cobrindo a luz. Sempre sem se alterar, mantenha seu estado mental e emocional tranquilo, tenha calma para avaliar as situações e saber a melhor forma de resolvê-las. Tudo está contra você, mas pode virar a seu favor, é uma questão de atitude.
Quantas vezes vemos atletas desanimados ou chateados, jogando palhetas, xingando mesas e bolas, batendo goleiro na mesa e com aquela postura do peso do mundo nas costas? Quase sempre. Se analisarmos e prestarmos atenção a nossa volta, toda rodada tem alguém já derrotado. É difícil reverter um resultado, mais ainda se a postura não for a correta. Acreditar que pode e buscar a reação deveria ser o objetivo. Lembre-se: foco na solução e não no problema. Dificilmente vemos finais de campeonato com atletas nessa postura negativa. Independentemente de quem seja, ao chegar em uma final, o botonista demonstra, além da competência necessária, frieza para encarar aquele momento. Claro que podem estar nervosos e ansiosos, mas sem deixar transparecer, simplesmente emitindo força e confiança.
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Natural de Guarapuava-PR, Roberto de Lara Rodrigues, 43 anos, é bacharel em Educação física e o maior campeão individual de todos os tempos na modalidade 12 toques, tendo conquistado cinco Campeonatos Brasileiros e seis Copas do Brasil individuais. A genialidade e aptidão para as palhetadas vêm de família: Além de ter podido contar sempre com os conselhos do pai, Nilson Rodrigues (maior campeão Brasileiro máster da história), Robertinho tem no primo, Rogério Nascimento (ex-campeão Brasileiro e Mundial) um grande parâmetro e um afiado parceiro de treinos para as grandes competições. Aqui no Portal Mundo Botonista, Rodrigues brinda a comunidade do futebol de mesa com crônicas exclusivas para a coluna Jeito & Força.
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