Painel do Mundo
Por Sérgio Travassos (07/03/2024)
Em tempos de muitos "coaches" e donos da verdade nas redes sociais, fica difícil separar o que é realmente algo benéfico a você. Seja naquele momento em que você tenta fazer um jantar especial, até nos seus momentos mais difíceis, em que buscas algo para se agarrar, lhe dando apoio para levantar-se.
Então, propositalmente, as palavras vão perdendo valor. Alguns ficam, inclusive, bastante desconfiados com o que lhe dizem. Mas o que esse texto tem a ver com o futebol de mesa? Nada. E tudo. Certo é que boa parte dos botonistas pensaram em desistir do jogo. Muitos ainda pensam. Alguns tantos, bem sabemos, já se afastaram das mesas.
Os motivos são inúmeros. Trabalho, família, problemas pessoais estão no topo de qualquer lista que tentemos fazer. Pare e tente fazer uma lista de pessoas que jogaram com você que não estão mais aparecendo, sequer para assistir e resenhar. Mas de onde me veio essa ideia de, no alto da minha pretensão, colaborar em discussão o nosso jogo e tudo o que nos influencia?
Bem, um dia desses, retornei a um inesquecível momento para aplacar a saudade que me surrava diariamente, de minha família e de minha terrinha: Pernambuco. Aproveitei e joguei o máximo que consegui, afinal, todos sabem que São Paulo não é o paraíso do estilo 1Toque e o oásis chama-se Oficina do Botão. Em determinado momento, um dos colegas falou que pensavam em desistir. Outro disse que também e outro ainda complementou concordando – cada qual com seus motivos: discussões, frustrações da mesa, etc.
Se fosse escrever sobre problemas extra-campo, discussões em relação ao clube, ao modelo de competição, calendário, precisaria deter-me o ano todo para elencar e debater sobre cada item. Deter-me-ei às frustrações da mesa – creio que consigo escrever em menos palavras.
Primeiramente, precisamos estar atentos a isso nas mesas. Às vezes, uma goleada que você aplica, pode afastar um colega. Não estou pedindo para que não possa mais haver goleadas. Não. O que peço é para termos um pouco mais de sensibilidade para chamar o colega no canto – serve conversar com alguém que é mais próximo a ele, para um bom papo. Chamamos de empatia, isso. Alguns, estão em um grande esforço para treinar, mas não obtém os resultados almejados. Às vezes, entregam uma partida ganha. E o pensamento grita alto: vou desistir.
Qualquer um dos botonistas tem a obrigação de chamar a atenção para que o colega volte para o eixo. Quem desiste, perde, justamente, algo que poderá ajudá-lo nas mesas e fora delas: experiência de jogo. Experiência advém do tempo empregado. Dos exercícios praticados. E, sabemos que a frustração do jogo e seu consequente estresse, por incrível que pareça, ajuda a equilibrar as coisas quando estas ocorrem na vida real. Conseguimos perceber uma perspectiva diferente que pode vir a nos ajudar de fora para dentro e de dentro para fora. Afinal, não há fios totalmente soltos na nossa existência. Tudo tem uma razão de ser.
Eu mesmo, afastei-me por causa da escola, da faculdade, do trabalho, por causa de discussões. Em que isso me ajudou? Em nada. Absolutamente nada. Ao contrário, tirou muito da minha alegria infantil de jogar botão, de melhoramento prático na mesa. Me afastou da convivência de gente boa, talvez de conquistas nas mesas. E nessa nossa regra o abismo fica ainda maior pois exige grande tempo de repetição e treino – para buscar algo que simplesmente não existe – alcançar uma perfeição utópica. E o tempo, meu amigo, não para e nem volta. Então diga sempre - a si e aos seus colegas - mesmo não sendo do seu clube: não desista. Deixe-lhe uma palavra de incentivo. Você pode até não estar no ponto em que gostaria de estar, mas garanto que está bem melhor do que quando começou.
Sergio Travassos é diretor do Santa Cruz F.C. há doze anos, jornalista com outras duas formações, Educação Física e Marketing, que atua há muito tempo em prol do desporto pernambucano. Tendo passagens pela Federação Pernambucana e CBFM. Sendo uma das figuras que mais defende o jogo de futebol de mesa, independente da regra de atuação, bem como que as competições sejam feitas em locais públicos, visando atrair mais visibilidade para o futmesa.
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