Painel do Mundo
Por Quinho Zuccato (06/03/2024)
Saudações amigos do Mundo Botonista! Estou aqui mais um ano para compartilhar com vocês a minha coluna, e a primeira desse ano é uma homenagem a um dos maiores nomes da história do Futebol de Mesa que nos deixou recentemente, o grande José Cássio. Cássio, Cassiopéia, Vovô, como todos o chamavam, era natural da cidade de Santos. Nascido em 1949, passou sua infância e adolescência acompanhando seu time do coração, o Santos Futebol Clube, e assistindo aos jogos na Vila Belmiro, presenciando toda a carreira do Rei Pelé e companhia. Colecionador de tudo relacionado ao futebol, Cássio tinha cerca de 3.000 camisas, todas usadas em jogo, inclusive algumas do Pelé e com dedicatórias. Tinha uma atenção especial aos clubes brasileiros, tendo camisas de praticamente todos os clubes brasileiros que já disputaram alguma divisão estadual ou nacional.
Conheci o Cássio num torneio aberto realizado em Socorro, no ano de 1997, quando conquistei o primeiro troféu em competições oficiais, e adivinhem quem foi o campeão da série ouro? Cassio venceu o Mauro na final, que foi filmada pelo meu pai. Desde então, Cássio sempre teve um apreço não só pelo pessoal mas também pela cidade de Socorro, e decidiu comprar um terreno aqui nos anos 2000. Aos poucos foi construindo sua residência, e resolvendo sua vida em São Paulo. Mudou-se para Socorro em meados de 2011, pouco tempo após o falecimento do meu pai, o Anacleto (Cássio me confessou há pouco tempo atrás que foi a última vez que ele havia chorado). Residência fixada em Socorro, o então multicampeão resolveu se integrar à equipe do Clube XV de Agosto em 2015. No meu retorno ao clube em 2016 conquistamos, já no primeiro ano, o maior título do clube, o campeonato brasileiro por equipes de 2016, momento que eu acredito que tenha sido o mais feliz de sua vida botonística.
Nossa conversa era diária, sobre todos os assuntos, principalmente sobre botão e os times ingleses, dos quais ele era fã, tanto que viajou diversas vezes à Inglaterra para visitar os campos de futebol das equipes locais. Ano passado, logo após meu título Brasileiro, Cássio apareceu no clube com uma falta de ar e tosse. Logo pedimos para ele fazer um teste de Covid-19. Não conseguiu fazer na farmácia e foi ao hospital fazer alguns exames. Foram detectados alguns problemas no coração, inclusive um aneurisma na artéria aorta, caso de cirurgia de risco.
Ele foi fazendo tudo que estava ao seu alcance para operar. Exames, aprovação de plano de saúde, e enquanto isso, foi dosando sua participação nos jogos de equipes do Clube XV. Terminamos o ano de 2023 e com o começo de 2024, a notícia de que sua cirurgía seria realizada dia 05 de fevereiro. Após 10 horas de uma delicada intervenção, Cássio foi para a UTI, mas não resistiu e nos deixou no dia 06/02, dia de aniversário de grandes gênios do futebol como Cristiano Ronaldo, Neymar e Carlitos Tevez.
Uma perda muito grande para o nosso esporte, para os amigos e para mim, pois via nele meu segundo pai, a quem eu era mais próximo desde as viagens juntos até conversas de assuntos bem particulares. A tristeza passa, a dor também, mas as histórias serão levadas para eternidade por todos que conviveram com o Cássio. Nesse momento ele deve estar lá no céu fazendo uns amistosos com o meu pai. Descanse em paz VOVÔ ETERNO!!!!
Grande abraço a todos!
O Socorrense Marcus Paulo Liparini Zuccato, ou simplesmente Quinho, como é conhecido no meio botonístico, está entre as maiores lendas da história do futebol de mesa. Campeão mundial, foi talhado para caçar títulos desde garoto. Campeão brasileiro da categoria principal aos 15 anos de idade (um recorde até hoje jamais igualado), Zuccato é o maior campeão Brasileiro da história com 6 troféus em sua galeria. Enquanto colunista do Mundo Botonista, uma vez por mês Quinho divide um pouco do que sabe sobre questões relacionadas à técnica de jogo na regra que pratica com absoluta maestria, a 12 toques.
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