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BOTONISTA
Por Carlos Cláudio Castro (31/01/2020)
"No princípio Décourt criou o Futebol de botão..."
Em meados de 2003, navegando internet afora, alguém que fora apaixonado na infância pelo saudoso e lúdico futebol de botão, desde os botões de camisa no chão da sala, até os de plástico da fábrica Estrela, depara-se com um mundo novo e arrebatador: um esporte denominado Futebol de Mesa. Importei ao Ceará, com ansiedade, material para a prática da “bolinha”. Reynaldo Antunes, do Rio, e o saudoso e querido Marcelino Toscano, de São Paulo, foram as primeiras vítimas de um ansioso “projeto de botonista.”
Com times e apetrechos em mãos, achando muito complicado o que havia visto da regra 12 toques, decidi criar uma regra particular, de três toques, para brincar com os amigos. Sem muita correlação com a regra oficial 3 toques, chamei de Regra Três Toques Cearense. Aí foi quando a necessidade de um regulamento e a dificuldade imaginativa das possibilidades técnicas na elaboração do texto me infectaram com o estranho vírus do gosto pelo estudo de normas técnicas relacionadas ao Futebol de Mesa.
Em 2004, perambulando em um Shopping da cidade, avistei uma mesa de futebol de botão em uma loja de materiais esportivos. Como que em surto, dirigi-me ao gerente e perguntei se havia interesse de fazer ali um Torneio de Futebol de Mesa. Para meu grande espanto, ele se interessou e o pior, “juntou gente”.
E agora? Não dava para improvisar com uma regra amadora. Busquei aprender com urgência a Regra 12 Toques, meu amigo Reynaldo Antunes foi o primeiro de uma “turma do bem” que muito me ajudou, via telefone mesmo, quem dera existisse “zap”. E assim realizou-se o primeiro Torneio da modalidade 12 toques no Ceará. Era o denodo de Della Torre, assim como seu amor ao esporte, rendendo frutos em terras Alencarinas.
Surgido o interesse pela modalidade, não encontrei nenhum texto atualizado das regras. Falei com o Presidente da Federação Paulista à época, o saudoso Eduardo Henrique, outro da “turma do bem” que tive o prazer de conhecer. O material que ele tinha, e que me enviou, estava incompleto, na verdade em processo de revisão. Pedi e tive a autorização gentil do Edu para completá-lo e atualizá-lo para uso no meu Estado. Nesse mesmo ano de 2004 fui a meu primeiro Brasileiro.
No Brasileiro de 2005, Reynaldo assumiu a presidência do Comitê Gestor das Regras 12 Toques, ao qual prontamente me integrei, e decidiu usar a nossa revisão como base para os trabalhos de reformulação do texto. Eu tive, então, a chance de conviver com figuras icônicas do esporte, seres humanos incríveis: além dos já citados anteriormente, José Luís, de Londrina, de saudosa memória; Luiz Carlos “Filé”; Armandinho; Élcio Buratini; Waldomiro Riemma; Farah, Castelli.... E tantos outros, é até injusto citar alguns, esquecendo outros amigos queridos, mas enfim, idade e memória não se entendem...
Recebi o honroso convite para escrever uma coluna no Futeboldemesanews.com.br, site fundamental para o fomento do esporte, grande empreendimento do Farah e do Glenn Douglas, Pezão. Além de colunas sobre generalidades do esporte, Farah teve a ideia de criar uma específica sobre a regra 12 toques, em que se discutissem pontos polêmicos e ajudasse os iniciantes do esporte. Fui laureado com o convite para escrevê-la e o Glenn achou que Dr. Regras seria um bom nome.
Foi um período de extremo aprendizado pessoal e de amadurecimento. Inclusive servia de laboratório para o Comitê das Regras de nossa modalidade. A troca de informações com os leitores foi muito rica. Na coluna eu respondia a questões referentes às regras, colocadas pelos leitores. O tempo passou, afastei-me do meio botonista por um tempo, o Futeboldemesanews, infelizmente, não existe mais. Volta, Pezão!
E eis que mais uma vez navegando internet afora, em 2018, encontrei um canal denominado Mundo Botonista. Descobri um novo prazer relacionado ao Futebol de Mesa: assistir a jogos, bem filmados, bem narrados e bem comentados. E decidi ir ao Brasileiro do ano passado, em Blumenau. Não mais para jogar, mas para rever os amigos, ver bons jogos, conversar sobre regras... E o entusiasmo voltou.
Estou novamente no Comitê de Regras, estamos trabalhando na revisão do texto que será lançado até o final de janeiro. Trabalho muito bem iniciado e norteado por Eduardo Luiz (Duda) e Farah, e agora recebendo a contribuição fundamental dos representantes das Federações, além do Mestre Cássio Ruiz.
E com muita alegria retomamos a partir de hoje a Coluna Dr. Regras, em parceria com outro abnegado do esporte, outro da “turma do bem”, Jeferson Carvalho. A partir da próxima semana discutiremos aspectos técnicos da Regra 12 Toques, almejando um formato suscinto, de fácil entendimento e que contribua para a difusão do esporte.
Ouça o Podcast Mundo Botonista com o presidente da CBFM, Farah e Carlos Claudio (Dr. Regras)
analisando as mudanças nas novas regras 12 toques revisadas (versão 2020).
O cearense Carlos Cláudio Alencar de Castro é médico neonatologista, adepto do lema “ a arte torna a vida suportável”, fanático torcedor do Vozão, estudioso do Futebol de Mesa, membro do Comitê Gestor das Regras 12 Toques da CBFM.
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