Fomos provocados pelo amigo Akiles Custodio, de Pernambuco, sobre uma questão delicada e polêmica: o tempo regulamentar de cinco segundos para execução dos toques, assim como para a concretização de chutes a gol e arrumação do goleiro que receberá o chute.
O que o Akiles mencionou é bastante pertinente no Futebol de Mesa atual, a percepção que temos de como uma grande parte dos botonistas tem demorado cada vez mais a conclusão de seus lances, quebrando o ritmo da partida, recurso usado muitas vezes, inclusive, como artimanha com o intuito de desestabilizar o adversário.
Não estamos aqui falando do jogo cadenciado, que pode sim ser uma estratégia de jogo, dentro do limite de tempo permitido, afinal, cinco segundos entre um toque e outro é um tempo bastante razoável, que permite variações no ritmo/cadência, de acordo com a característica do atleta, ou mesmo tática para determinada circunstância da partida. Falamos aqui da demora excessiva, principalmente para efetuar um chute ou arrumar o goleiro. Pode acontecer também na execução dos toques, se ocorre de maneira sistemática, constante. Cabe lembrar que um toque em que se demore mais, em virtude de se tratar de um lance mais complicado, pode ser compensado por outro rápido e isso é plenamente aceitável.
Como a presença de árbitro em nossa modalidade é algo muito raro, há duas possibilidades para a resolução da questão. Uma seria a concordância tácita dos dois envolvidos na contenda, afinal, o que os dois decidem na mesa, de forma consensual, não pode ser questionado. A segunda seria o direito, que o botonista prejudicado tem, à marcação de falta técnica, conforme previsto nos Itens 104.4, 106.1, 106.2 e 106.3. Pode ser uma atitude antipática e que gere constrangimento, mas é direito incontestável.
Quem sabe no futuro tenhamos uma solução tecnológica para o imbróglio, talvez caminhemos para uma situação equivalente ao que se faz no basquetebol, em que existe um tempo limite para os ataques, e teríamos então um timer em cada mesa. Na atual conjuntura estamos muito distantes disso, questões como custos, logística e dificuldade técnica são impeditivas. Acho que a colaboração dos praticantes da modalidade e um trabalho de conscientização feito por entidades normativas do esporte, como Federações e a própria CBFM, são caminhos mais factíveis e realistas para o momento.