Painel do Mundo
Por Sérgio Travassos (17/07/2024)
Nos idos dos anos 90, do século passado, tive o prazer de fazer parte do Balé Popular do Recife – quem não o conhece, corra para conhecê-lo. Entrei para melhorar a comunicação entre o grupo artístico e a comunidade local. A minha redação era um cubículo de uns três metros quadrados, escuro, quente, úmido e abarrotado de recortes, fotos, objetos cenográficos. Até hoje, tento entender como cabia tanta coisa naquela alcova minúscula. Eu cabia, creio, por ser muito magro naquela época. Não há outra explicação.
Entre uma entrevista e outra, tive o grato prazer de ser inserido em um mundo encantado e colorido da cultura pernambucana, pelo idealizador do grupo, o coreógrafo André Luís Madureira. Algo que me deu bagagem para muito do que sou. Mas o que mais me chamou a atenção foi o gerenciamento dos vários setores daquele grupo incrível. Nós não temos ideia da complexidade das coisas dentro de um balé que já viajou o mundo e que sofreu certo preconceito, justamente por não ser clássico e, sim, popular. Que levava um pouco das raízes do negro, do índio, do pobre, do sertanejo. Se já admirava a trupe, imagina estar ali como testemunha ocular.
Percebam, como nosso jogo está mais para o balé do que para o futebol. Temos um par, não um rival. Ao menos, se pensarmos na beleza do jogo. E convidamos esse par a dar o melhor de si. E seguimos o nosso ritmo, impondo momentos dramáticos, calculados. E os nossos botões deslizam tal qual uma bailarina de um lado para outro do campo. Ora, o vazio aparece. Ora, todos juntam-se como que para confabular uma nova reviravolta na peça. E o público acompanha com atenção essa grande peça que se desenha. Claro que a plateia não é grande, afinal, a arte não apetece os corações duros. Como é bom assistir a uma bela obra sendo apresentada por dois coreógrafos das mesas. Quase ouço a música. Notório que o objetivo do jogo é subjugar o outro, mas como é satisfatório, simplesmente, transformar o jogo num clássico de beleza.
Sergio Travassos é diretor do Santa Cruz F.C. há doze anos, jornalista com outras duas formações, Educação Física e Marketing, que atua há muito tempo em prol do desporto pernambucano. Tendo passagens pela Federação Pernambucana e CBFM. Sendo uma das figuras que mais defende o jogo de futebol de mesa, independente da regra de atuação, bem como que as competições sejam feitas em locais públicos, visando atrair mais visibilidade para o futmesa.
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