Painel do Mundo

o blog do
MUNDO BOTONISTA

Por Erismar Gomes (22/07/2021)

O rebote ainda é problema.

Saudações, amigos, continuando a nossa história, agora o ano é 1988, Harutiun Muradian, o Mura, é o presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa, o incansável Antonio Maria Della Torre continua na FPFM, dessa vez como vice-presidente. Também estou nessa gestão, colaborando. Surge uma nova demanda para alteração da regra, muitos botonistas estavam incomodados com o item rebote, como já relatado nas colunas anteriores. 


Chute a gol, se o rebote fosse do atacante, não importando em que toque era efetuado o chute, ele teria direito a mais 4 toques para chutar novamente, inclusive se esse chute já fosse do 4º toque de um rebote. Ora, se a regra era 12 toques, como o atacante tem direito a mais toques quando chuta no último toque? Outra contradição, se o jogador é punido com 3 toques quando seu botão esbarra no botão adversário, chuta no 3º e último toque desta jogada, pega o rebote e ainda tem mais 4?


A regra 12 toques permitia que o botonista, dependendo das circunstâncias, tivesse 16, 20, 24 ou até mais toques. E quando dos 3 toques, ele poderia ter 7, 11 ou mais, ou seja, pegando o rebote repetidas vezes a regra não limitava o número total de toques. Com o tempo que já se tinha de prática ficava patente que isso era uma espécie de falha na filosofia da regra.


Então, em meados de 1988, foi proposta por um grupo de botonistas uma assembleia extraordinária com todos os representantes dos Clubes, tendo como pauta a alteração da nova regra paulista, que já era também conhecida por regra 12 toques. Os membros desse grupo eram: Sérgio Castilho, representante do clube Dos 8 aos 80, Erismar Ferreira Gomes, representante do S. C. Corinthians Paulista, Mura, representante do Maria Zélia, Mura que também era o presidente da FPFM com apoio do saudoso Della Torre. 


Notem que dessa vez não fora criada uma comissão para alterar a regra, por se tratar de um único quesito e com intuito de aprovação para vigor imediato, optou-se por uma assembleia para a tomada de decisão. Não lembro exatamente a data, mas compareceram a esta assembleia somente os representantes de 4 clubes, Corinthians, Dos 8 aos 80, Maria Zélia e Indiano, representado pelo Della Torre, isso constatado após 2a. chamada. 


Na assembleia, Erismar explanou que a ideia era acabar com os 4 toques a mais no rebote do ataque, teria o botonista apenas o complemento dos toques que faltassem para completar os 12 ou os 3, conforme fosse o caso. Della Torre fez a seguinte pergunta, como vamos saber em que toque ocorreu o chute, como ficar claro para o atacante quantos toques ele ainda tem para completar os 12, por exemplo?


A regra era jogada com a contagem em voz alta, mas quando o botonista pedia a gol, ele simplesmente falava “vai”. Respondi a essa indagação feita pelo Della: isso é simples de resolver, a partir de agora o botonista é obrigado a falar em qual toque ele está chutando. Exemplo, vai no 4º toque, ou vai no 10º toque, ou vai no 1º dos 3. Assim, evitava-se qualquer dúvida de quantos toques ainda restariam, em caso de rebote. Assim, com essa alteração, verdadeiramente, poderíamos chamar nossa regra de Regra 12 Toques. 


Mura lembrou aos presentes que apesar da regra já ser considerada uma das mais simples, essa alteração iria simplificar mais ainda e facilitaria o entendimento para novos adeptos, principalmente os garotos iniciantes.Todos os presentes aprovaram a mudança e também a imediata implantação, não caberia discussão por parte dos Clubes ausentes na assembleia, já que todos foram convocados e o não comparecimento implicava na aceitação do resultado. 


Na verdade, era uma mudança simples, porém, alteraria as estratégias de ataque. A meu ver, essa mudança contribuiu para o reconhecimento do botonismo como esporte, um trabalho que já estava em curso por um grupo de abnegados apaixonados pelo nosso querido Futebol de Mesa. Na próxima coluna vamos falar um pouco do papel da 12 toques nesse reconhecimento, segura a ansiedade e até lá!

Biblioteca de "Doze Giros"
Reler publicações anteriores de Erismar Gomes

O corretor de seguros Erismar Ferreira Gomes, 58 é paulista, torcedor do Santos F.C, e um apaixonado pelo futebol de mesa e virtual (no video-game). No Futebol de Mesa tem um rastro indelével tanto no espectro da gestão (tendo sido diretor de departamentos em clubes importantes como Corinthians e Maria Zélia) e presidente da Federação Paulista; quanto na qualidade de atleta - onde ostenta inúmeros títulos, incluindo um bicampeonato Brasileiro por equipes e o título Brasileiro individual em 2005 (ambos na categoria masters). Erismar é uma testemunha privilegiada da história e evolução da regra 12 toques pois não apenas a viu nascer mas participou ativamente da sua história. 

....................................

erismar@mundobotonista.com.br

(011) 99653-1317

Posts anteriores 
Por Julio Simi Neto 23 de novembro de 2024
Muito além das mesas
Por Luiz Oliveira 2 de novembro de 2024
Losers
Por Marco D'Amore 30 de outubro de 2024
O rei está nu
Por Marcio Bariviera 27 de outubro de 2024
Botão raiz
Mostrar mais
Share by: