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MUNDO BOTONISTA

Por Márcio Bariviera (03/04/2022)

O meu aniversário.

Era uma tarde fria e chuvosa de um dia de semana qualquer de abril. Naquela época o mês de abril tinha mais pegadas de frio do que as poucas de hoje. Parecia que estávamos na metade de julho, mas ainda era abril.

 

Abril é o mês do meu aniversário e naquele dia feio e cinzento eu completava mais um ano. Não sei se sou rabugento ou o quê, mas não curto o dia do meu aniversário. Conheço gente – muita gente – que adora a “sua data”, mas eu não consigo simpatizar com ela. E aquele dia estava tendo a cara do meu humor, parecendo que eles combinaram de se encontrar.

 

Pela manhã, escola. Dia de um História e Geografia qualquer. O pessoal cantou os parabéns e eu fiquei lá, com um sorriso morno, forçado, em tom de agradecimento. Não podia menosprezar a lembrança deles. Nem Orkut para lembrar, existia. Então era de coração mesmo, sem lembretes.

 

Mas o dia ainda teria fortes emoções. A parte da tarde reservava o nosso torneio mensal de futebol de botão. Éramos em oito e naquele dia o encontro seria na minha casa. Afinal, tendo o aniversário como carona, a gente aproveitaria para alguns salgadinhos e refrigerantes.


Tínhamos dois Xalingões. Enquanto quatro jogavam, quatro folgavam e petiscavam. Nada mais justo. Entre pasteizinhos e palhetadas, a tarde foi passando rápido, embora a chuva e a baixa temperatura insistiam em nos acompanhar e travar nossos dedos.

 

Não sei se foi o dia que eu teimava em não curtir, mas deu tudo errado para mim. Modéstia a parte eu era um dos melhores da nossa turma, porém, naquela tarde, as coisas se inverteram. Fizemos um “todos contra todos” e quatro passariam para as semifinais. Incrivelmente naquele dia ganhei apenas um jogo e fiquei em penúltimo. Até hoje não sei explicar aquele desempenho ridículo, diga-se de passagem.

 

No fim da tarde – e também no fim do nosso torneio – a chuva cessou. Uma brechinha de sol ousou a aparecer e, com ele, o arco-íris. E foi neste momento que ganhei o maior presente. A gente comprava um pequeno troféu todos os meses e o campeão de cada torneio levava o mimo. Para minha surpresa, meus amigos combinaram de me presentear com o troféu da competição.

 

Confesso que depois daquele dia eu comecei a ser menos rabugento e a simpatizar um pouco mais com o dia do meu aniversário. Aliás, aquele gesto dos meus amigos me fez entender perfeitamente o significado de haver “pote de ouro” no final do arco-íris.

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O gaúcho de Rodeio Bonito, Marcio Bariviera é gerente administrativo do União Frederiquense, clube que disputa a Série A2 do Gauchão, além de assinar uma coluna semanal no jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen-RS. Rock e futebol de botão são duas paixões desde a infância (e se puder dar palhetadas ouvindo Led Zeppelin fica time completo).

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marcio_bariviera@mundobotonista.com.br
(055) 99988-6612

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