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MUNDO BOTONISTA

Por José Carlos Cavalheiro (23/04/2025)

Postura

A informalidade é um componente constante no futebol de mesa brasileiro, muito provavelmente em virtude de sua origem lúdica, com as lembranças da infância, quando o jogo de botão era o nosso brinquedo preferido, em uma época sem tantos distratores tecnológicos. Acredito que, por esse motivo, muitos jogadores, ao chegarem ao meio federado, mantêm essa atitude leve. Entretanto, no meu entender, deve-se dosar muito bem a descontração para que ela não seja interpretada como falta de respeito.

O ambiente competitivo requer uma postura mais adulta por parte dos atletas. No tempo em que eu era federado — ainda sou, mas apenas por questões institucionais — fui testemunha de alguns comportamentos que hoje, creio eu, são considerados inaceitáveis, como, por exemplo, gritar "gol" na cara do adversário, se apoiar sobre a mesa enquanto o oponente está conduzindo a bolinha ou vai chutar, até mesmo dizer que vai ser gol quando o adversário tem uma chance clara de anotar, com o claro objetivo de pressioná-lo, ou desmerecer a qualidade técnica do rival dizendo que ele deu sorte ao ganhar uma partida.

Na condição de responsável pela comunicação da Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro (Fefumerj), pude observar, através de fotos e vídeos, por estar à distância, comportamentos que considero inadequados. Exemplifico alguns, como não prestar a mínima atenção ou conversar com colegas na hora em que o responsável pela competição está discursando ou dando orientações sobre o evento. Ainda mais absurdo são as posturas corporais desleixadas durante a execução do hino nacional. Seguem outros exemplos, como virar o troféu para trás ou colocá-lo de cabeça para baixo por não estar de acordo com sua colocação final em um torneio, enviar fotos para publicação nas mídias oficiais da federação vestindo camisas de clubes (e até de seleções) que não fazem parte da federação à qual o atleta está filiado. Seguindo com as imagens, não se pode deixar de citar o porte de acessórios que não fazem parte do uniforme, como, por exemplo, bonés com caveiras, chapéus panamá, chapéus de pescador com estampa florida e outras excentricidades. Há ainda aqueles que posam para fotos oficiais olhando propositalmente para o alto, em uma conduta inadequada para um momento protocolar. Essa falta compostura é também praticada pelos próprios dirigentes, algumas vezes até por diretores da Confederação Brasileira de regras diferentes a 12 Toques. Já vi fotos, e também fui informado, sobre dirigentes usando chinelos de dedo, tipo Havaianas, camiseta regata e short baixo, mostrando o "cofrinho".

Essa questão sempre foi levada muito a sério pela Fefumerj. Inicialmente, qualquer imagem que fosse considerada como inadequada, não era divulgada no nosso site e rede sociais. Agora federação resolveu ser mais exigente nesse assunto e acaba de publicar mudanças no seu regulamento disciplinar, onde constarão punições para os atletas com comportamentos inadequados, a maioria já listados nos parágrafos acima.

A descontração e a informalidade transformam um ambiente de competição em algo menos opressivo e, portanto, mais agradável. Entretanto, devemos ter a consciência de que estamos representando clubes — muitos de grande expressão popular — e federações. A imagem do esporte é decisiva para a atração de investimentos, sejam privados ou públicos,  como também na nossa divulgação em meios de comunicação de grande penetração. Se queremos ser respeitados como praticantes de um esporte sério, devemos ter uma postura correspondente com as nossas intenções. Entendo que convém adequar a postura à formalidade que o momento exige, esquecendo, ao menos por alguns instantes a postura relaxada, em prol de um bem maior, que seria sermos observados com outros olhos.

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Formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Carlos Marques Cavalheiro, nasceu na capital carioca no ano de 1962. Foi atleta de futebol de mesa na regra12 Toques de 1998 a 2005, quando foi viver em diferentes lugares: São Paulo, Paris, Jundiaí e Bogotá, onde atualmente reside. É o responsável pelo site da FEFUMERJ desde dezembro de 2004. Atualmente exerce o cargo de Diretor de Comunicação da entidade.

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cavalheiro@mundobotonista.com.br
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