Painel do Mundo

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MUNDO BOTONISTA

Por Sergio Travassos (09/05/2022)

Pra fora.

Alguns leitores e colegas de botonismo tiveram o prazer de morar em casa, subir nas árvores, dar e levar carreira das galinhas, brincar com a molecada nas ruas do bairro, participar de competições de botão. Tudo corria – e corria muito, às mil maravilhas até algum adulto gritar “já pra dentro”. Assim, éramos “acorrentados” para as “responsabilidades” nossas de cada dia: tomar banho, fazer a tarefa, ajudar a arrumar a mesa, lavar os pratos, dormir...


Hoje, quando conversarmos sobre a nossa infância, vez por outra, lembramos que os nossos filhos, sobrinhos, enfim, as crianças em geral, não tem essa liberdade que tínhamos. Que todos tem muitas responsabilidades. É escola e aquela tonelada de livros que o professor não consegue fazer chegar, sequer, na metade. Tem curso de língua estrangeira, preparatórios para aquele ou outro lugar importante, um “porrilhão” de tarefas, Kumon e equivalentes, e, pasmem, pilates, psicólogo, ioga. Tudo, geralmente, em um ambiente fechado.

 

Não que não sejam atividades importantes mas que viraram rotina numa fase que, diga-se, não deveria haver tanta rotina. Ao menos, uma que não fosse engessada demais. Aí, vez por outra, você pega um pai progressista ou, como chamam: “louco”. Um capaz de lembrar como a vida era divertida e que a diversão ajudava a lidar com as coisas todas, boas ou ruins. Que o fato de ter estado um tempo lá fora, na rua ou no mato, criou em si, uma cultura emocional forte. Esse pai, tio ou avô (mãe, tia ou avó), no alto do seu desespero pelos guris serem “mofinos”, gritam, “vão pra rua”, “vá brincar na casa de seu avô”, “tire os sapatos”, “vamos andar na chuva”, “larga o game e bora jogar botão”.


Acredito que você que lê essas palavras, frases e que formam uma ideia, está identificando-se – ou não. Se identificou algo bom em ter vivenciado a rua, os campeonatos de botão na rua de cima (ou na de baixo), vai entender o que pedirei a seguir: vá pra rua! Isso mesmo, faça parte de uma corrente – ainda tímida e invisível, de botonistas que identificaram a importância do botonismo (não tô nem aí para qual modalidade) estar aonde o povo está. Leve mesas, times e competições, inclusive as oficiais, para aonde o povo está. Esqueça-se um pouco a sede em conquistar títulos e tenha em mente que o futuro do desporto depende disso. Que outros desportos, do badminton ao futebol americano, estão indo ao encontro da gurizada nos recreios escolares, nas praças, nos shopping (o palco do consumismo é o novo quintal, infelizmente). 

Ouço muito e você também deve ter ouvido, que estamos perdendo a pirralhada para os games. Se continuarmos nos porões dos nossos clubes e nos calabouços dos grandes hotéis, sim, iremos continuar a perder a chance de termos alguns adeptos novos e empolgados. Então, leve o seu clube, federação, modalidade pra fora e salvemos o futebol de botão.


Cavado

Foram disputadas as copas do Brasil de 1t cavado, no Rio Grande do Sul. Não me deterei aqui aos resultados ou grandes partidas. Parabenizo a todos, sim. Porém, a minha maior alegria foi que tivemos duas categorias que deveriam estar presentes em todas as competições de qualquer nível e modalidade: o feminino e o júnior. Quando um clube vai pra rua, já dá um ótimo retorno, imagine se todos foram pra rua. Então, parabéns especial ao Guilherme Cordeiro (Afumepa-RS) e à Sofia Isabel (São Carlos-RS), respectivamente campeões do Brasil, no júnior e feminino.

Sergio Travassos é diretor do Santa Cruz F.C. há doze anos, jornalista com outras duas formações, Educação Física e Marketing, que atua há muito tempo em prol do desporto pernambucano. Tendo passagens pela Federação Pernambucana e CBFM. Sendo uma das figuras que mais defende o jogo de futebol de mesa, independente da regra de atuação, bem como que as competições sejam feitas em locais públicos, visando atrair mais visibilidade para o futmesa.

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travassos@mundobotonista.com.br
(081) 97100-2825

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