Painel do Mundo
Por Marco D´Amore (15/07/2024)
Eu poderia aproveitar a ainda fresca na memória maravilhosa competição que ocorreu em Londrina nos quatro dias do feriado de Corpus Christi e relatar dois aspectos: o que de bom e o que de ótimo foi o Brasileiro sub18. Mas isso tudo foi muito bem reportado pelo Mundo Botonista e basta ver e rever (e ler) todos esses momentos emocionantes registrados para a posteridade. Portanto, prefiro aqui contar um "causo" que poucos conhecem e é mais um daqueles que ocorrem à margem do foco principal das luzes, câmeras e ações - entretanto, não menos relevante para o crescimento do esporte. Acredito sim na lei da ação e reação. E são as ações mais simples que várias vezes causam reações gigantescas.
Fui agraciado neste evento com um convite inesquecível e que guardarei para sempre no meu coração: comentar os jogos ao vivo. Obrigado, Jeferson e não só pela experiência em si nessa função, que sempre exerci na vida, desde pequeno, narrando os meus jogos, incluindo gravações com hinos, mas deixo aqui meu agradecimento por ter feito uma amizade sólida com os companheiros de equipe. Colegas esses que não tiveram um momento de folga nos turnos da manhã e tarde, quando a bolinha rolava nas mesas, cada um em sua função, muito bem determinada e orquestrada pelo chefe citado. E eu na minha, com o microfone (e fone), de repente, não mais que de repente, sou surpreendido por um pedido num intervalo tão longo quanto um repente no meio de uma transmissão. Fui surpreendido por um pedido muito especial: "Tio, eu quero um time daqueles!" Minha resposta de sopetão foi "Espere um pouco!", no meio daquela loucura boa que é uma cobertura de um grande evento. E, repentinamente, pensei "Tenho que dar um time para ele!"
Porém, não poderia ser um daqueles que eram brindes e ele, equivocadamente, na mais pura inocência de uma criança, pensava que estavam sobrando aos montes e, muito pelo contrário, eram contados, e seriam endereçados aos privilegiados entrevistados botonistas que desfilavam sua imensa categoria na arena Mundo Botonista. Passei o meu contato sem nenhuma esperança de retorno do moleque, que carregava uma caixinha de xadrez - detalhe que depois dei a atenção que merecia - infelizmente, somente em pensamento. Entretanto, ele insistiu por recorrentes mensagens de WhatsApp no dia seguinte (sábado). Eu não as lia porque a transmissão não permitia parar um minuto. Ele também tentou ligar repetidamente, e ficara sem resposta. Quando parei para ver o celular, apenas à noite, ele também queria um time para seu irmão. Sugeri que fossem ao hotel assistir às finais e, a essa altura, até mudei de ideia: doar dois times acrílicos de alguns dos nossos famosos vendedores que estavam por lá, o que evitaria envio pelos correios e, além disso, e melhor de tudo, teria a chance de conhecer ambos e presenteá-los pessoalmente. Mas ele disse que o irmão participaria de um jogo de futebol e não poderia ir.
Nem preciso dizer, principalmente, aos que acompanharam pelo YouTube ao vivo, a loucura que foi o último dia e eu mal parava para ir ao banheiro, quem dera dar atenção aos diversos grupos e mensagens no celular. E ele triplicou a súplica ao longo de todo dia, o que novamente só constatei à noite. Tentei tranquilizar sua ansiedade, voltei para São Paulo na segunda-feira e a semana de trabalho foi muito corrida sendo paralisada apenas com as ligações e mensagens dele, inclusive em meio à reuniões de trabalho importantes. Foi uma semana para escolha do time e mais uma para entrega. Deu tudo certo e chegou o presente. Ele agradeceu muito: "Deus te abençoe!".
Contudo, ainda bem, não parou por aí. Ele estava louco de vontade de estrear o time. Mas e mesa e adversário? Quem nunca? Falei com um amigo da região que se prontificou de imediato a ajudar e abrir as portas desse mundo botonista a mais nova esperança do presente!
O futuro à Deus pertence.
O presente pertence a gente!
Agentes presentes.
"Agente da transformação do presente!"
"Presente!"
Temos que doar o presente.
E já!
Muito mais que de repente!
Biblioteca de "O rei está nu"
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Marco Aurélio D’Amore nasceu em 1975 em Sta. Bárbara d’Oeste, é formado em Engenharia Civil, com pós em Produção, é um eterno entusiasta da Gestão de Projetos. Joga botão desde 1979 e é federado desde 2017, quando foi batizado Marco Butantã em homenagem ao Grêmio de mesmo nome. Ama o “Botonismo”, mas a briga pelo 1º lugar é boa com a Música! “Mil tons” à parte, gosta de missões bem difíceis, como apresentar o contradito e desafiar as obviedades discursivas. Como cronista da coluna "O rei está nu" Marco quer ser a voz de todos aqueles que se preocupam com a renovação do futebol de mesa em todo território nacional - divulgando as melhores iniciativas de reintegração de atletas e formação de novos adeptos.
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damore@mundobotonista.com.br