Painel do Mundo
Por Julio Simi Neto (05/07/2025)
Quo vadis?

Caros amigos e fiéis leitores da coluna “Muito Além das Mesas”, a literatura agora é o destaque deste mês. Entretanto, antes de apresentar a dica, eu irei prestar uma homenagem a dois grandes e premiados escritores do século XX que recentemente partiram. O primeiro é o escritor peruano Mario Vargas Llosa, que faleceu em 13/04/2025 aos 89 anos. Vencedor do Nobel de Literatura em 2010 pela sua cartografia no conjunto de suas obras, tendo como seu principal livro “Conversa na Catedral” (1969). O segundo é o escritor inglês Frederick Forsyth, que faleceu em 09/06/2025, aos 85 anos. Ele ficou famoso pelos seus livros de espionagem como “O Dia do Chacal” (1971) e “O Dossiê Odessa” (1972), ambos foram parar no cinema. Caso você queira conhecer melhor este escritor, sugiro que navegue aqui pela biblioteca da coluna "Muito além das mesas", pois em agosto de 2022 publiquei uma crônica sobre “O Dossiê Odessa”.
Pois bem, deixando as justas homenagens de lado, eu vou destacar o livro que é um clássico do gênero épico, intitulado
Quo vadis?, do escritor polonês Henryk Sienkiewicz (1846–1916), vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1905. Henryk Sienkiewicz nasceu em meio a uma família nobre, que acabou ficando empobrecida devido à influência russa no final de 1860.
O autor, desde garoto, já tinha tendências à literatura. Quando adulto, foi morar nos Estados Unidos e de lá ele enviava seus artigos para os jornais da Polônia, onde ficou famoso pelo seu estilo de escrita. Em 1880, começou a escrever séries romanceadas, o que fez se tornar ainda mais conhecido e, assim, se consagrou na época como o escritor mais popular da Polônia entre outros escritores compatriotas dos séculos XIX e XX. Até que, em 1905, Henryk recebe o prêmio Nobel de Literatura por seus destacados méritos como escritor épico, onde se inclui a novela
Quo vadis? que foi publicada em 1896.
Sendo assim, é esta obra que irei apresentar aqui para você que aprecia livros renomados.
Quo vadis? é uma incrível narrativa que se passa em Roma 50 anos após da morte de Jesus Cristo. O imperador era o temível Nero, e aqui o leitor irá encontrar no livro uma trama que mistura fatos com personagens reais e históricos com ficção, retratando assim o conflito entre a decadência moral do Império Romano e o surgimento do Cristianismo.

O que você, leitor, encontrará nas 520 páginas de uma leitura envolvente, é a divisão em três partes da narrativa. Na primeira, irá conhecer um rapaz pagão e poderoso patrício romano de nome Marcus Vinícius, sobrinho de Petrônio, um fiel conselheiro de Nero. Vinícius se apaixona perdidamente por uma bela e jovem cristã chamada Lígia, uma princesa do seu extinto povo, os Lígios.
Na segunda parte, já pode-se perceber a participação mais direta de Nero comandando Roma entre conflitos, poder e corrupção. Com isso, a loucura e crueldade de Nero são tendenciosas ao colocar fogo em Roma, alegando ser um lugar feio, sujo e com muitas vielas apertadas. Seu desejo é construir sobre os escombros uma nova cidade moderna, sendo batizada por ele de Nerópolis. É nesse clima tenso da história que surgem as presenças dos Apóstolos Pedro e Paulo de Tarso.
Na terceira e última parte é que a obra de Henryk Sienkiewicz se consolida em seu clímax, como um dos maiores clássicos da literatura universal. O leitor irá acompanhar o desespero do povo na destruição de Roma pelo fogo. Nero, para fugir da responsabilidade de sua ordem, segue a sugestão de seu outro conselheiro de nome Tigelino, colocando assim a culpa pela tragédia nos cristãos.
Em meio ao circo que Nero apresenta para agradar seu povo como vingança pela destruição da cidade, os cristãos são expostos em diversas modalidades de barbárie nas arenas como espetáculo. Pedro, a pedido dos seus seguidores, sai de Roma rumo à Sicília, porém foi na via Appia que o Nazareno ressurge numa aparição iluminada e assim, ao se ajoelhar diante do Cristo, o velho pescador pergunta: — "Quo vadis, Domini?" (aonde vais, senhor?). Ele responde: — "Vou a Roma ser crucificado novamente." Isso inspira o apóstolo a retornar e enfrentar seu destino.
Eis a incrível obra
Quo vadis? de Henryk Sienkiewicz, na qual seus personagens centrais são acompanhados por esse drama do começo ao fim. O livro teve adaptações para o cinema, a que mais se destacou foi em 1951 sob a direção de Mervyn LeRoy levando na época oito indicações ao Oscar incluindo o de Melhor Filme, mas acabou não levando nenhuma estatueta.
Enfim, eis uma dica ideal para quem gosta de ler esse gênero. Esse livro além de estar dispnível no Kindle — também foi editado aqui no Brasil pela editora Sétimo Selo — é uma obra sempre atual que merece estar na sua biblioteca!
Quo vadis
Autor:
Henryk Sienkiewicz
Título Original: Quo vadis?
Lançamento no Brasil: 1900
Editora: Tavares Cardoso & Irmão
Páginas: (736)