Painel do Mundo
Por Gustavo Martorelli (24/03/2025)
Olá, amigo botonista. Respire fundo, relaxe os ombros e tente não se ofender antes do terceiro parágrafo. Hoje, vamos falar sobre a relação
Consumidor x Fornecedor, que, sejamos sinceros, às vezes parece mais um ringue de UFC do que uma simples compra e venda. Antes de mais nada, um aviso: se você é do tipo que acha que o mundo gira ao seu redor e que o fabricante tem a obrigação de ser um gênio da lâmpada, pronto para atender a todos os seus caprichos, talvez este texto seja um convite para a autoavaliação. Agora, vamos ao show.
Botonistas: Expectativa vs. Realidade
Se tem uma coisa que acontece no mundo do futebol de botão é a relação entre botonista e fabricante saindo do amor para o ódio na velocidade da luz. De um lado, temos o botonista, que acredita que o time novo será a solução definitiva para seus problemas. Afinal, não é ele que erra o chute – é o botão que está “desequilibrado”. Do outro lado, temos o fabricante, que deve ser uma espécie de entidade mística capaz de materializar sonhos e cumprir prazos impossíveis, enquanto tenta sobreviver a clientes que agem como se tivessem comprado uma Ferrari sob medida, e não um time de plástico para brincar na mesa da cozinha (note as metáforas). E aí mora o problema: a
expectativa. O botonista tem fé inabalável de que, ao abrir a encomenda, verá um conjunto de botões divinos que farão chover gols. Quando isso não acontece, começa o caos. E, claro, a culpa nunca é da falta de habilidade do jogador.
Fabricantes: Uma Espécie em Extinção
Se você acha que a vida de botonista é sofrida, tente ser fabricante. Além de precisar dominar a arte de transformar plástico em obra de arte, o sujeito ainda tem que lidar com clientes que enviam mensagens de madrugada com pedidos “urgentes” do tipo:
— “Faz um botão com inclinação exata de 21,7 graus, senão não dá certo no meu estilo de jogo.”
— “Preciso do time pronto até amanhã porque resolvi que quero jogar um torneio com ele.”
— “Você entrega no Natal, né? Afinal, qual o problema de você sacrificar seu feriado por mim?”
Surpresa!
Fabricante também é gente! Eles têm família, problemas, contas para pagar e, pasmem, um limite de sanidade mental. Mas isso parece ser informação nova para alguns clientes. Então, antes de mandar aquele textão revoltado cobrando um botão que ainda está em produção, tente um exercício revolucionário:
esperar. Respire. Olhe para o horizonte. Beba um café. Se atrasou, pode ser que o fabricante esteja tentando fazer um trabalho decente em vez de te entregar qualquer rascunho. O mundo não vai acabar porque seu time demorou uns dias a mais para chegar. Dê o benefício da dúvida. Mas, claro, nem só de clientes insuportáveis vivem os problemas.
Quando o Fabricante Resolve Aprontar
Agora, do outro lado da moeda, temos os fabricantes que parecem acreditar que o cliente é um detalhe irrelevante no processo:
Já ouvi casos de botonistas que fizeram um pedido e, dois anos depois, ainda estavam esperando o time chegar. Dois anos! Dá tempo de aprender outro esporte, desistir do botão e voltar!
Aqui vai uma dica de ouro para os fabricantes:
seja honesto e transparente. Se não pode cumprir o prazo,
avise. Se cometeu um erro,
assuma. A maioria das pessoas consegue lidar com problemas, mas ninguém gosta de ser enrolado.
E, claro, não podemos esquecer os malandros que existem dos dois lados:
Amigos, sejamos razoáveis: se você pagou por um serviço, tem direito de receber o que foi combinado. Mas, se você vendeu algo, tem obrigação de entregar direito. Não é difícil.
Agora, se vocês preferem a contenda, discutir e transformar cada compra em um drama digno de novela mexicana, fiquem à vontade. Só não reclamem depois que ninguém mais quiser fabricar times sob sua encomenda. As informações voam e o nosso mundo é minúsculo. Temos exemplos de fabricantes que já caíram no ostracismo por desonrar seus compromissos.
No fim do dia, o mundo dos botonistas poderia ser um lugar muito mais pacífico se as pessoas adotassem três simples conceitos: paciência, respeito e noção.
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Gustavo Martorelli, conhecido como Guga, nascido em São Caetano do Sul (SP), é federado desde os 12 anos quando oficializou uma tradição de família. Hoje é empresário em Campinas e formado em Direito e Teologia. Passou por ABREVB, São Judas, Meninos FC e Palmeiras. Voltou a defender o Meninos FC em 2023. Morou em diversos países como África do Sul, Senegal, Gâmbia e Jordânia, trabalhando com desenvolvimento humanitário e, além do arroz e feijão, do que mais sentiu falta foi de jogar botão.
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