Um mago dos botões.

Na postagem anterior, lembrei daquela bendita Revista Placar de 1987, que me trouxe para o mundo da modalidade 1t. Na mesma revista, tomei conhecimento dos vários artesãos que preparavam os times. Um deles, era o Salatiel Galdino de Oliveira do Rio Grande do Norte. Na época, não tinha noção de que ele, dentre tantos, tinha um manuseio mágico capaz de, ainda hoje, encantar quem tem os times que foram produzidos por ele.

Com o passar dos anos, para mim, e garanto que para todos que possuem um conjunto feito por Salatiel,  só há elogios às criações do “mago dos botões”. Pessoalmente, foi uma saga recheada de ansiedade conseguir um time usinado pelas suas mãos. Aliás, time não, uma verdadeira obra de arte.

Todos sabem que ele, justamente após  a edição da Placar, sempre teve uma fila de espera que durava meses. Além da espera, um preço mais alto que os demais artesãos. Talvez por ele ter sido tão visceral quando estava à frente de seu torno de trabalho - como na foto que ilustra essa crônica, em seu ateliê pouco iluminado sem aclimatação, luxos, lasers ou tecnologias modernas - quase como se se debruçasse sobre a forja, derrubando o suor na bancada onde trazia à vida os times de sonhos.

E como acontecem com obras famosas dos grandes pintores, naturalmente, seus times ficavam ainda mais caros quando alguém liberava uma obra "assinada" por Salatiel. E eu pensava para mim: “Que louco vende um Salatiel?”. Mas obras de arte também são vendidas todos os dias, não?

Apenas em 2017, consegui um time criado pelo mago dos botões. E que obra. Logo um Santa Cruz, meu time do coração. E o melhor, essa obra de arte carregada de magia, de valor inestimável, não custou-me um centavo sequer. Consegui-a num escambo com o botonista Hélio Golaço. Com esse time, pude deliciar-me finalmente com essa espécie de "santo graal" dos botões e confesso, tenho aproveitado cada instante. Dá gosto apreciar, em sua plenitude, um time de macias quinas modeladas com vidro. Até consegui jogar melhor. Outra mágica do mago.

Salatiel partiu desse plano no início deste mês mas estará eternizado nas mesas de todo Brasil cada vez que colocarmos seus botões em campo. Será sempre uma ode a esse grande artesão de cultura, delicadeza e fino trato. Obrigado, Mago.

Sergio Travassos é diretor do Santa Cruz F.C. há doze anos, jornalista com outras duas formações, Educação Física e Marketing, que atua há muito tempo em prol do desporto pernambucano. Tendo passagens pela Federação Pernambucana e CBFM. Sendo uma das figuras que mais defende o jogo de futebol de mesa, independente da regra de atuação, bem como que as competições sejam feitas em locais públicos, visando atrair mais visibilidade para o futmesa.

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