Painel do Mundo
Por Sérgio Travassos (30/08/2021)
Não é muito normal mas, de vez em quando, me vem histórias que li ou ouvi falar. Algumas delas, repetem-se tantas vezes que acabamos a ficar saudosos. É aquela saudade do que não vivemos. Nessa semana, enquanto degustava um cafezinho, no intervalo de um treinamento, me veio um sentimento nostálgico. E a memória era bem antiga.
Imaginava em como era a vida do recifense e como as notícias eram propagadas. Isso, sem celular, internet. Poucos tinham telefone, que era um grande investimento, diga-se. Além do boca-a-boca, claro, tínhamos as ondas do rádio. E nessas ondas, a voz que ditava o que seria assunto nas bancas de revistas, nos balcões das “vendinhas”, nos ônibus e salões dos bares, era a de Ivan Lima.
Dono de uma voz forte, ágil, envolvente, e uma empolgação capaz de fazer arrepiar até os menos eufóricos torcedores do futebol que grudavam os ouvidos no radinho de pilha, Ivan Lima é um ícone da crônica esportiva e também do futebol de mesa.
Foi ele que, semanalmente, divulgava os resultados das competições existentes no Estado de Pernambuco. Porém, ele foi além. Baiano de Conceição do Almeida, a 160km, de distância de Salvador, ele foi responsável por introduzir a regra 1t, na Terra dos Altos Coqueiros.
Aí, é aonde entra a saudade do que não vivi. De tanto ouvir o filho de Ivan Rodolfo, filho de Ivan Lima contando as histórias, parece que vivenciei tudo. As mesas na garagem, as portas abertas, um ou outro carro a passar na rua de paralelepípedos, as vozes dos vizinhos a conversar por sobre o muro. As palhetas que todos utilizavam ainda eram redondas. Mas muitos jogavam de “unhas”. Os times eram um pouco diferentes. O silêncio imperava quando a mesa estava “aberta”. Era o começo da regra 1t e, portanto, de tudo. Eu não estive presente. Queria ter estado lá. Será que não estive? Tudo está tão claro...
Sergio Travassos é diretor do Santa Cruz F.C. há doze anos, jornalista com outras duas formações, Educação Física e Marketing, que atua há muito tempo em prol do desporto pernambucano. Tendo passagens pela Federação Pernambucana e CBFM. Sendo uma das figuras que mais defende o jogo de futebol de mesa, independente da regra de atuação, bem como que as competições sejam feitas em locais públicos, visando atrair mais visibilidade para o futmesa.
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