Painel do Mundo
Por Gustavo Martorelli (12/07/2024)
É interessante perceber que todos os grupos, em todas os esportes ou associações, está infectado com o mesmo vírus: o “Laranja podrelis”. Creio na máxima “onde tem gente, tem problema” e, por isso, administrar pessoas é uma nobre arte. E os menos queridos são sempre um problema no time, porque a convivência não é agradável e estes parecem gostar de acabar com o ambiente e transformar festas em velórios. Jogo futebol de mesa desde 1998 e nesses 26 anos pude atestar, com certa acuracidade, que todo time tem aquele indivíduo pouco querido, doente da simpatia ou desprovido de carisma. É notório que dentro desse seleto grupo existem basicamente dois perfis distintos: o chato de nascença e o desagradável por opção. O que leva o grupo a encará-los de formas diferentes.
Permita-me estereotipar aqui o chato de nascença. É aquele que pouco fala ou aquele que muito fala. É grande a falta de noção a respeito de como se portar em grupo, como tratar os companheiros e os de fora. É esse que até para treinar é chato. O que o difere do próximo perfil é a óbvia falta de maldade. O cara é chato, mas é do bem. Não promove intrigas e confusões, é respeitoso e todos sabem lidar com isso. Até porque, em certa medida, todos somos assim. Todos nós temos desequilíbrios em vários aspectos da vida e então precisamos ser compassivos com o outro, porque contamos com a compassividade alheia. É uma via de mão dupla e a tolerância mútua faz parte da “política” da boa vizinhança. Caso você ache que não se enquadra aqui nem um pouquinho, aconselho que se reexamine com maior rigor e humildade. Para ser claro: todos nós somos chatos de alguma forma.
Quando lidamos com o “desagradável por opção” as coisas são diferentes. Caracterizamos aqui a pessoa que é intransigente, inflexível, egoísta, dono da razão, arrogante e por aí vai... O grande problema aqui é que pessoas assim fazem mal ao grupo. São desagregadores por excelência e sua dificuldade em lidar com pessoas pode ser uma bomba nuclear no ambiente de qualquer time.
Provavelmente você, assim como eu, já pensou em vários nomes enquanto lia esse texto, mas eu quero focar em mim e em você. Penso não ter grande valia cobrarmos mudanças nos outros se o exemplo da tentativa de melhora não parte de nós. “Mudar” talvez seja um verbo que devamos sempre conjugar inicialmente na primeira pessoa do singular. Algumas perguntas que valem a investigação:
- Você sabe dialogar? Respeita opinião diferente, embora seja diametralmente oposta à sua? Talvez pensar que existe a possibilidade de estarmos errados ou, pelo menos insuficientes em várias de nossas opiniões nos faz mais humildes pra entender o outro.
- Você é um pacificador? Quando vê uma situação inflamada você é aquele que tenta apaziguar da forma certa (existe forma errada?) ou aquele que joga gasolina na fogueira só por
hobby? Tenha certeza que a segunda opção é destruidora.
- Você é reclamão? Precisamos ter a certeza que sempre tem gente se esforçando para que os departamentos e torneios de futebol de mesa aconteçam da melhor forma possível.
- Você acha que tem a solução pra tudo? Tenha certeza que não tem. Colabore com suas ideias e esteja aberto e pronto para todas elas serem rejeitadas. E está tudo bem, nenhum de nós é insubstituível.
- Você é autoritário? Sabe ouvir pessoas quando está em posição de liderança? Sabe ser um líder que encoraja o grupo a promover novas lideranças? Ou é um tirano a espera do poder?
- Você é um encostado? Pouco compromissado, aparece somente pra colocar o time na mesa e mesmo assim com muito custo. Esse não descobre uma mesa, não joga fora a garrafa de água que tomou... até onde eu sei, nenhum departamento tem funcionários. Então, toda mão é bem vinda ao trabalho, em todas as ocasiões.
Poderíamos listar mais várias perguntas, mas espero que tenha ficado claro que meu intuito aqui não é julgar, porém constatar algo e encorajar mudanças visando um bem maior. Se você leu esse texto até aqui e está aí achando isso tudo uma grande bobagem, talvez seja para você mesmo esse texto. Sermos confrontados é doloroso, assumir erro então, nem se fala. Mas é extremamente útil. Quem sabe até você possa levar essas questões e avaliar sua vida dentro de casa, como pai, marido, filho, funcionário ou chefe.
O nosso ego é um grande adversário. Força nessa batalha!
Gustavo Martorelli, conhecido como Guga, nascido em São Caetano do Sul (SP), é federado desde os 12 anos quando oficializou uma tradição de família. Hoje é empresário em Campinas e formado em Direito e Teologia. Passou por ABREVB, São Judas, Meninos FC e Palmeiras. Voltou a defender o Meninos FC em 2023. Morou em diversos países como África do Sul, Senegal, Gâmbia e Jordânia, trabalhando com desenvolvimento humanitário e, além do arroz e feijão, do que mais sentiu falta foi de jogar botão.
....................................
guga@mundobotonista.com.br
(019) 99650-5605