Painel do Mundo
Por Rafael Pena (08/07/2024)
Em todo processo que se inicia, ainda mais quando em um mundo novo, a dinâmica de inserção e obtenção de resultados sempre passa por um caminho de crescimento. Em alguns casos, o processo é mais suave, em outros mais penoso e isso vai depender de uma série de fatores. No âmbito da regra 3 toques, o pequeno número de praticantes e o baixo número de novos atletas, que algumas vezes se justifica pela complexidade do jogo e pela alta exigência técnica, tática e, em grande parte, até de paciência para quem chega e para quem recebe um novo botonista. O mundo que surge para quem é egresso de uma outra modalidade do futebol de mesa, ou mesmo para quem veio diretamente da prática infantil, não costuma ser de vida fácil e de obtenção de resultados em curto tempo.
O período de maturação costuma ser mais longo se comparado a outras regras. Se formos usar uma analogia, para ilustrar o que pretendo dizer nesse começo de conversa, seria comparar o nascimento de um leão ao nascimento de um ser humano. A cria do leão já nasce sabendo andar, já sabe que tem que seguir os pais e o processo de absorção de conhecimento para sua sobrevivência, e até mesmo para chegar na vida de caça, é mais curto se comparado a de um ser um humano, que necessita de maior atenção e cuidados diretos dos pais durante anos. Algumas coisas vêm por instinto, outras com a prática através do tempo. Cada um tem seu tempo de aprendizagem, que a natureza proporciona pela vivência e instinto.
Para quem é novato de tudo ou até mesmo para quem vem de outra regra do futebol de mesa, o período de maturação e absorção da essência da nossa regra vai demandar uma série de fatores: tempo de prática, resiliência, paciência, participação e intercâmbio em grupo e observação. Num primeiro momento, os novatos que procuram se aventurar na 3 toques necessitam ter muita resiliência, no sentido de tentar aprender com as derrotas que inevitavelmente ocorrerão no começo (algumas acachapantes) e também querer melhorar a cada jogo. Essa aplicação da resiliência passa, igualmente pelo fato da pessoa aceitar ser conduzido pela mão por um botonista ou grupo mais experiente para “sobreviver” sem perder o gosto pela regra por conta das inevitáveis derrotas no começo de carreira. Um botonista mais experiente e um clube acolhedor têm papeis importantíssimos na condução desse processo de aprendizado e resiliência do novo botonista.
Não estou querendo dizer que o grupo ou botonistas experientes tenham que tratar o novato como uma “carta branca” ou “café com leite” deixando de jogar sério. Igualmente não é para querer sentar a mão na palheta e fazer o máximo de gols possíveis, sem dó e nem piedade, como se fosse para aniquilar o novato. Nem lá e nem cá. Mesmo que haja jogos com muitos gols, com goleadas, o mais experiente tem que tentar conduzir o novato a entender o porquê disso ou daquilo, e o novato tem que entender que todo botonista mais experiente, independentemente de sua colocação no ranking, tem alguma coisa a lhe passar. Daí a importância dos clubes para o desenvolvimento dos novatos. Há que se ter gente disposta a passar conhecimento e o novato querer e conseguir absorver o que lhe é passado. Ainda que em algum momento seja inevitável dentro dos clubes os mesmos adversários, a mesma rotina de jogos, a repetição de jogadas; sabemos que entre erros e acertos, somados à resiliência, à atenção e à paciência do novato no processo de formação, poderemos ter o crescimento do novo botonista. Quanto mais horas de voo, melhor será a incorporação de vários conceitos e estratégias de jogo.
Nesse processo de desenvolvimento é importante ter em tela que o conhecimento da regra é algo que ajuda até mesmo na construção do estilo de jogo. Saber a regra e como aplicá-la é parte integrante desse processo de crescimento. Conhecer outros clubes e outras maneiras de jogar nos permite crescer ainda mais. Cada clube tem uma característica de jogo como também cada estado tem uma particularidade na execução da regra. Na vida, quando nos relacionamos, deixamos e levamos um pouquinho em qualquer convívio, e no mundo da 3 toques acontece o mesmo. Às vezes dentro de uma mesma cidade, mas em clubes diferentes, temos estilos de jogos diversos e quanto mais o novato possa ter novas experiências de jogos ou arbitragens, mais ele tem a aprender. Quanto maior o intercâmbio, melhor é para o novato que souber observar e absorver.
Para quem quer se aventurar no mundo da regra 3 toques as dicas são desenvolver a resiliência, as relações interpessoais, a observação e a absorção. Não é um processo simples e nem é algo que se resolve de uma hora para outra. O aprendizado é longo, às vezes penoso, às vezes alegre, às vezes não. Como tudo na vida a gente só não pode ficar parado senão o leão, que mais rapidamente aprendeu e desenvolveu seu instinto de caça, nos devora.
SINOPSE
Salve, amigo do futebol de mesa de todos os cantos do planeta.
Nesta XXX-feira, XX de XXX, a sugestão de leitura do *Cartola Botões* para você é a coluna *Estrat3gia* do cronista *Rafa Pena*, nosso embaixador da regra 3 Toques, lá no Portal Mundo Botonista. O autor passa dicas para os atletas iniciantes na regra, dando ênfase a diferentes aspectos, tanto de ordem psicológica como técnica. Confira em: "_Salve-se quem puder_".
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Mineiro de Belzonte (Belo Horizonte para quem é de fora) Rafa Pena também é advogado, fotógrafo, pai, filho, cruzeirense de arquibancada (mas que se dá bem até com os atleticanos tanto é que se casou com uma), escoteiro, zoeiro (gosta de uma piada e uma troça), videomaker, fusqueiro e Kombeiro, participa de canais do YouTube que falam de futebol e do Cruzeiro, fã de Chaves e Star Wars, e mais um monte de coisa que ajuda a tornar a vida mais prazerosa. Joga botão desde o “estrelão” e por isso, quando conheceu a Regra 3 toques em dezembro de 2008 e teve que batizar seu time já lançou “Estrelão da Madrugada”, homenagem à sua origem e ao Seu Madruga. Procura jogar, se divertir e manter a história e a chama do botonismo aonde passa. Mais que isso, só chamando para prosear (se tiver café e pão de queijo, melhor ainda).
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