Painel do Mundo
Por Alysson Cardinali (15/07/2024)
“Imagem não é nada, sede é tudo”. O
slogan da campanha publicitária de uma famosa empresa de refrigerantes, lançada nos anos 1990, fez muito sucesso e ajudou a despertar, mesmo às avessas, o que chamamos, nos dias de hoje, de culto à aparência. Afinal, há tempos está em voga a preocupação com uma bela estampa – muitas vezes em detrimento do conteúdo, diga-se de passagem. Ter uma boa pinta é, para muitas pessoas, sinônimo de
status. Tal forma de pensar, acredite, está inserida no nosso querido futebol de mesa.
Longe de mim querer ditar regras de etiqueta, mas acredito que atender a certas normas seja importante, principalmente nas competições oficiais, que contam com botonistas federados que envergam a camisa de clubes de tradição no esporte. Não se trata de enquadrar ou limitar o bom (e o mau) gosto de ninguém, mas, convenhamos, disputar os jogos vestido com uma calça
jeans
sob o calção do uniforme – além de ferir o regulamento – não pega muito bem para a imagem (olha ela aí) do nosso esporte.
Aquela espalhafatosa segunda pele na cor laranja fluorescente sob o manto verde musgo da equipe que você defende também pode ofuscar (literalmente) a visão de quem pretende ver o futebol de mesa mais respeitado. Sim, amigos, imagem é tudo. É comum encontrar federados jogando torneios amadores confortavelmente calçados com chinelos de dedo. Tal atitude, felizmente, é proibida em competições oficiais, mas acontece com frequência em outras paragens.
Longe de mim, repito, criticar a escolha do figurino alheio antes de dar suas palhetadas, seja lá em qual ambiente for, mas bom senso é fundamental. Afinal, todos nós queremos ficar bem na fita. E, obviamente, na foto. Principalmente quando subimos ao pódio de alguma competição. Na hora do registro para a eternidade, porém, a imagem (sempre ela), muitas vezes, não é das mais atraentes: bonés das mais variadas cores, camisetas e camisas com estampas de gosto duvidoso formam o cenário.
Nada contra, de minha parte, encontrar algum botonista disposto a inovar ou ditar a moda. André Agassi, por exemplo, desafiou os padrões no tênis, na década de 80, e a Nike, sua fornecedora de material esportivo, embarcou na onda. Era impensável, por exemplo, não se usar um uniforme imaculadamente branco nos torneios de Wimbledon. Agassi rompeu tal barreira, com suas camisas multicoloridas, sofreu algumas críticas, mas se impôs e fez história no esporte.
Desculpem se estou sendo pedante, talvez um pouco mal-humorado, admito. Fato é que todos os seres pensantes (botonistas ou não) são donos da sua própria imagem e responsáveis por ela. Só resta saber uma coisa: eles têm sede de quê?
Biblioteca de "Planeta Dadinho"
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Nascido em Nova Friburgo (RJ) em 1971, mas morando há mais de 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e Expresso (Infoglobo), revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson é atleta federado, pelo São Cristóvão Futebol e Regatas, na Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro (Fefumerj) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.
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cardinali@mundobotonista.com.br