Painel do Mundo
Por Alysson Cardinali (22/05/2023)
Paixão, segundo o dicionário Aurélio, significa emoção, amor ou sentimento intenso que por vezes faz a pessoa agir por impulso, sem controlar a razão. Tal estado de espírito pode aflorar por alguém, por um lugar, por um objeto ou por quaisquer outras formas — concretas ou abstratas — que despertem em nós aquela intensa e inexplicável ansiedade, que façam o coração bater mais forte, o corpo suar, a boca ressecar, a perna tremer, a temperatura aumentar.
Existe paixão à primeira vista, paixão avassaladora, paixão platônica, inexplicável, inconsequente, enlouquecedora... Pois, então, me respondam: até onde vai a paixão por um esporte que mexe com nossos instintos desde a infância? E que, em muitos casos, após anos de um certo distanciamento forçado, em função das responsabilidades da vida, retorna, de forma arrebatadora, duas, três décadas após aquele primeiro, encantador e inesquecível contato?
Deleite total, o futebol de mesa faz isso com muitos incautos aficionados pelo dadinho, pela bolinha, pela pastilha... Seres para os quais essa paixão, mesmo “esquecida”, seguira latente, adormecida, até o primeiro “esbarrão” com uma loja especializada em um shopping, por exemplo. Daí para o reencontro definitivo é um pulo. Pois não são poucos os botonistas que, assim como eu, se viram novamente envolvidos com a indescritível sensação de reviver esta intensa paixão dos tempos de infância.
Felizes, saudosos, nos permitimos voltar a sentir a emoção de palhetar nossos botões em uma mesa repleta de doces recordações. Recuperar aquele inebriante vício dos tempos pueris e inocentes do que era apenas uma simples brincadeira de criança. Hoje, para muitos de nós, federados em todo o Brasil, a brincadeira ficou, digamos, um pouco mais séria, com campeonatos de alto nível, entre jogadores da mais elevada categoria. Mas, nem assim, a paixão arrefeceu. Pelo contrário. Tornou-se amor.
Um amor legítimo, bonito, eterno. É verdade que com alguns altos e baixos, como em qualquer relação. Afinal, é preciso perseverança, resiliência e muita paixão (olha ela aí de novo) para se manter fiel a um esporte no qual mais se perde do que se ganha. Um esporte que, a cada partida, nos traz uma série de sensações: alegria, tristeza, frustração, euforia, emoção. Geralmente, sem uma explicação plausível, compreensível, definitiva.
O que vale, mesmo, é jogar. Ganhar? Perder? Tudo isso faz parte do jogo, faz parte da vida. Como não existem vitórias eternas e nem derrotas definitivas, o importante é seguir em frente, sempre em busca da próxima palhetada, do próximo gol, da próxima vitória, do próximo título. Sempre em nome dessa ligação quase umbilical com o futebol de mesa. Vivendo e aprendendo, na eterna e incansável busca pela evolução constante. Mas, claro e evidentemente, com muita paixão!
Biblioteca de "Planeta Dadinho"
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Nascido em Nova Friburgo (RJ), mas morando há 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e Expresso (Infoglobo), revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson, de 51 anos, é atleta federado, pelo Fluminense Football Club, na Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro (Fefumerj) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.
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