O surgimento da categoria Master

Olá Caros leitores,

Agradeço imensamente a oportunidade de escrever mais um ano para a coluna 12 giros aqui no portal Mundo Botonista. Na temporada passada essa coluna se dedicou a contar a história da regra 12 toques desde sua gênese até a sua evolução aos dias de hoje. A quem ainda não leu, deixo aqui o convite para conferir. Pois bem. Este ano pretendo escrever sobre assuntos gerais do Futebol de Mesa, algumas vezes tratando de história de algum tópico, outras vezes, de curiosidades e assuntos gerais desse maravilhoso esporte, espero que curtam, vamos lá.

E para "abrir os trabalhos" vou começar com um fato histórico para o Futebol de Mesa na regra 12 toques: A criação da categoria Master. Isso mesmo, aquela categoria para a qual muitos torcem o nariz,  julgam como a categoria de quem já não é mais competitivo ou de quem já fez o que tinha que fazer no esporte e agora tem uma categoria para poder continuar jogando.  O curioso dessa história é que a categoria começou com ingresso a partir de 35 anos. Sim, amigos - os velhinhos de 35 anos ou mais (rsrsrs).

Muitos ainda hoje perguntam o porquê da categoria Master? Por que não jogar todos juntos em categoria única a categoria adulto, separando apenas os garotos? Pois bem. Antes de mais nada, é preciso entender que a criação de uma nova categoria abre espaço pra mais gente jogar as competições oficiais. Isso é benéfico para o esporte. Quanto mais gente jogando mais o esporte se solidifica e cresce.

Vou citar um exemplo aqui de São Paulo, na criação da Master aproximadamente 5 Botonistas que estavam entre os top 20 no ranking Paulista e disputavam a série ouro desse campeonato migraram para o nova categoria. Na época o campeonato era disputado em blocos de 20 Botonistas ou seja 5 outros Botonistas da série prata subiram para a série ouro, outros 5 subiram para a série bronze e outros 5 que nem teriam vaga para a disputa agora poderiam jogar é um efeito dominó benéfico. Podemos verificar o mesmo efeito nos Brasileiros.

Para entendermos a criação da categoria Master , precisamos voltar no tempo. Vamos lá pra meados dos anos 90, esta era uma época de ouro do Futebol de Mesa, em particular da modalidade regra 12 toques. O esporte estava recheado de meninos e jovens que recém descobriram o jogar botão como um esporte organizado. O crescimento era vertiginoso, as disputas de Campeonatos Brasileiros que começaram em 1989 tinham cada vez mais participantes e representantes de mais estados a cada nova competição.

Algumas pessoas que pensavam o Futebol de Mesa (principalmente de São Paulo e Paraná) percebiam que era preciso abrir mais vagas pra mais gente jogar, outra coisa que incomodava alguns era a discrepância de oportunidade de treinar e manter a competitividade entre os adultos (que já tinham família, trabalho, compromissos pessoais) e os jovens na faixa de 15 a 24 anos que naturalmente tinham mais tempo para treinar. Alguns destes só estudavam e treinavam o Futebol de Mesa. Os criadores da categoria achavam que era uma competição injusta entre alguém que treina todos os dias e alguém que só pode treinar no máximo, uma vez por semana. Tudo bem que isso pode ser relativo, mas foi o pensamento da época.

Então, principalmente com a iniciativa de pessoas como Della Torre , Edu Henrique, Muradian, Atienza de São Paulo, Luiz Carlos (o Filé) do Paraná, Armandinho de Pernambuco, foi criada a categoria Master nos Campeonatos Brasileiros. A princípio em caráter experimental. Foi decidido que para ingressar na Master o Botonista teria que ter uma idade mínima de 35 anos. A experiência obteve êxito nos brasileiros mas só ganhou espaço nos campeonatos estaduais muito tempo depois. São Paulo, por exemplo, começou a ter ranking Master apenas em 2002 com campeonatos regulares tanto nos abertos como no Paulista do final do ano. A categoria foi ter Campeonato de Clubes (conhecido como campeonato por equipes) apenas em 2009 isso no estadual, enquanto o Brasileiro de equipes Master teve sua primeira edição somente em 2011.

O fato é que a categoria se consolidou, os Campeonatos são bem disputados e no Brasileiro, por exemplo, chega a ter fila de espera nas inscrições. Poderia ter ainda mais participantes não fosse o preconceito de alguns que não migram para a categoria por julgar uma categoria "inferior". Na minha visão, uma das coisas mais belas do nosso esporte é a possibilidade de pessoas de quaisquer idades poderem jogar de igual para igual - Um senhor de 70 anos ou mais pode perfeitamente ser tão competitivo como um jovem de 20, 30 anos. É só estar em perfeitas condições de saúde. Aqui em "Sampa" temos etapas nas quais as categorias jogam misturadas e por várias vezes um Mater se sagrou Campeão.

Bem amigos (com licença Galvão Bueno rsrs) é isso! Espero ter contribuído um pouquinho mais para ampliar o conhecimento dos amigos sobre o assunto. Até a próxima coluna é daqui a um mês, passa rapidinho. Um abraço a todos.

O corretor de seguros Erismar Ferreira Gomes, 58 é paulista, torcedor do Santos F.C, e um apaixonado pelo futebol de mesa e virtual (no video-game). No Futebol de Mesa tem um rastro indelével tanto no espectro da gestão (tendo sido diretor de departamentos em clubes importantes como Corinthians e Maria Zélia) e presidente da Federação Paulista; quanto na qualidade de atleta - onde ostenta inúmeros títulos, incluindo um bicampeonato Brasileiro por equipes e o título Brasileiro individual em 2005 (ambos na categoria masters). Erismar é uma testemunha privilegiada da história e evolução da regra 12 toques pois não apenas a viu nascer mas participou ativamente da sua história. 

....................................

erismar@mundobotonista.com.br

(011) 99653-1317