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 Por Vinícius Ramalho (12/06/2021)

Homenagem:

Morre aos 45 anos o botonista Ton Armani 

Jogador do Corinthians teve complicações em decorrência da Covid-19.

Morreu nesta sexta-feira (11), aos 45 anos, o botonista Ewerton Ronald Armani. Ton, como era conhecido no meio do futmesa, teve complicações da Covid, chegou a ter alta no último final de semana, mas voltou ao hospital e infelizmente não resistiu.


Ele começou no futebol de mesa no início década de 1990 no CEPE 2004 em Santos. Sempre alegre e brincalhão, aquele magrelo alto como era descrito pelos amigos, já chamava atenção por seus “petardos” de longe que deixavam qualquer adversário sem defesa.


Desse período o amigo Diego Ribeiro, que começou junto na modalidade, guarda uma lembrança inusitada: “Teve uma vez um jogo do aspirante do 2004, em casa, não lembro o adversário. Perdemos a primeira rodada e na segunda fomos para o intervalo com cinco derrotas e só o Ton ganhando por 4 a 0. Aí o saudoso Nelson, analisando os resultados, desolado, vira e solta um 'pelo menos o jogo do Ton tá garantido, não vai ser 0 a 12 a rodada'. Veio o segundo tempo, quem tava perdendo continuou atrás e o Ton dentro daquele jeito maluco de jogar, levou a virada no relógio: 7x8!!! Placar da rodada: 0 a 12. A hora que o Nelsão pegou a súmula do Ton ficou puto, mas bem puto! Ele perguntou com toda "calma" pro Ton como era possível levar 8 gols em 10 minutos estando com 4x0 a favor. A resposta foi imediata: “Você queria que eu tirasse a trave da mesa pro adversário não fazer gol?”, com uma tranquilidade diferente de qualquer outro botonista que estaria irremediavelmente bravo pro resto do dia. O Ton era só alegria independente de resultado”.


Outro amigo dessa época, Vitor Luiz, o Vitinho também relembra um fato inusitado: ”O primeiro troféu que ele ganhou foi um torneio interno do 2004. Era verão e ao soar da campainha na última rodada, ele pegou o time dele da mesa e saiu correndo da sala em direção a um chuveiro que tinha do lado de fora. Com roupa e tudo foi o banho da vitória”.

Após dar as primeiras palhetadas na Baixada Santista, Ton foi para o interior, mais precisamente para a cidade de Bauru. Ficou um tempo afastado da modalidade, mas nunca deixou o amor pelo futmesa. Lá pra 2009 voltou a mobilizar uma turma que jogava pela região. Em 2010 começou os regionais com gente da sua cidade, mas também de Botucatu, Lencóis Paulista, Lins, Jaboticabal e Rio Pardo.


Em 2012 veio a realização de um sonho com a fundação do departamento do Esporte Clube Noroeste. Em 2014 conseguiu ajudar o alvirubro a conquistar o acesso para a divisão de elite. Lá ele jogou até 2015 sempre com muito orgulho de vestir a camisa de uma das suas paixões no futebol.


Em 2016 foi para a Associação Atlética Botucatuense onde ficou até o ano seguinte. Aliás, um ano antes, ele foi um dos que mais trabalhou para a realização do Campeonato Brasileiro de Botucatu. Ao lado de Paulo Pinto eles promoveram um dos mais organizados torneios individuais da história dos brasileiros, opinião quase que unânime daqueles que lá estiveram.


Desse período de desbravar o interior paulista em busca de novos botonistas e clubes vem a lembrança e homenagem emocionada de Marcelo Matos, o Aranha: “Ton aglutinava pessoas. Apaixonado pelo esporte unia os botonistas do interior com sua energia de vida. Era chamar e ele estava lá. Seja Bauru, Lins, Americana, Neves Paulista, Penápolis, Botucatu, Campinas, São José do Rio Preto, São Bernardo do Campo, Franca, Araçatuba, Bilac, Socorro, enfim, podíamos contar com sua presença e alegria contagiante. Sua frase marcante era: 'Seu fanfarrão'; sempre seguida de uma risada que só ele tinha.

Apaixonado pelo Noroeste no interior e pelo Timão na capital. Tive o prazer de ser campeão com ele nos seus clubes do seu coração. O interior de SP está em luto, e o interior dos meus sentimentos também. Na lembrança fico com seu jeito gozador de ser. Ton é um ataque poderoso de felicidade, mas nunca foi bem na defesa. Estaremos aqui no interior, firmes e fortes, sempre guiados pelo exemplo de Ton Armani. Vá em paz meu amigo. Seu legado será bem cuidado”.


Outro parceiro que andou muito pelo estado de São Paulo ao lado de Ton foi Márcio Rangel. Ele relembra esses tempos de amizade e viagens para jogar futebol de botão: “Eu conheci o Ton em 2010 em um torneio regional do Alexandre Rubão. Daí pra frente não paramos mais de jogar torneios. O Ton não faltava em nenhum, adorava jogar. Nunca vi como tinha amizade com todos os botonistas, a facilidade de conversar com todos, sempre alegre, gozador e sempre negociando times de botões, antes e depois do torneios. Ele me convidou pra jogar pela equipe do Esporte Clube Noroeste de Bauru em 2012 na FPFM e foi aí que conheci a federação paulista e os botonistas. Foi uma experiência diferente pra quem só jogava aqui em Botucatu e no Regional. No ano de estreia o Norusca chegou perto pra subir pra primeira divisão. Saíamos sempre de madrugada (muitas viagens) só pra jogar botão. Eu lembro que no período da tarde começava a bater o cansaço de acordar cedo, mas a vontade era maior. O Ton nas viagens ia dormindo boa parte da viagem, mas na volta vinha tomando cerveja e pedia pra parar toda hora na estrada pra tirar o excesso, para o que eu chamava de parada mixatória.  Em 2013 em nosso segundo ano da equipe finalmente conseguimos o acesso com o título da A2 na final contra o grande Flamengo de Americana, com direito a gol no último chute do jogo após o apito do relógio, onde o Léo Armani seu filho e grande jogador também fez o gol do título pra Bauru. Já em 2014 na 1a divisão jogamos contra as melhores equipes de São Paulo e seus respectivos botonistas mais ranqueados do estado. Experiência incrível e parceria cada vez mais afinada com o Ton e demais colegas. Enfim tivemos muitos momentos juntos em muitos torneios e 10 anos de amizade. Meus sentimentos a mulher, filha, filho Léo Armani também grande parceiro, demais familiares e a todos os seus amigos botonistas do Brasil. Que você Ton Armani descanse em paz, vai fazer muita falta a todos nós”.


Em 2018 veio a chance de defender a camisa do clube de coração. No Corinthians com seu jeito de ser amigo de todos era o cara que trazia novos jogadores para o departamento, como conta o amigo e botonista corintiano, Alencar: “O Ton se foi! Aquele cara magrelo que conheci nos anos 1990, jogando em Santos, um dia foi pro interior de São Paulo e demonstrou o quão grande era seu afeto pelo esporte que tanto gostamos. Eu via o Ton de longe, como o cara que sustentava boa parte do interior, o cara que levava centenas de brasileiros até Botucatu para disputar um torneio nacional. Ele virou um toque da regra 12 toques. Mas isso não importa. O que importava é que ele era um cara alegre, disposto, muito correto na mesa e de um coração gigante. Só pude conhecê-lo melhor a partir de 2018, quando veio de Bauru para jogar conosco no Corinthians, time de seu coração. Assim o Ton fechava o ciclo no futebol de mesa, envergando o uniforme do qual era apaixonado. Ton era o nosso 'alegria nos dedos', porque sempre trazia notícia boa, sempre tinha em mente uma nova contratação, um novo nome. Isso valia tanto para o futebol de campo como para o de mesa. E, quando não dava certo, certamente era zoado, mas sempre reagia com um sorriso. Era também torcedor do Noroeste. Também nos divertíamos com isso, pois alguns nacionalinos tiravam sarro dele quando o clássico dos ferroviários terminava com vitória do time da capital. Ou era ele que vinha puxando a cordinha do apito da locomotiva para zoar os que se atreviam a dizer que o Nacional era maior que o Noroeste. Não Ton, não era. Você, pra gente, era maior que eles todos. Sempre foi. Obrigado por tudo! Você está e estará eternamente dentro dos nossos corações!


Nos últimos anos foi diretor técnico da Federação Paulista de Futebol de Mesa. E aí quem vai dar um depoimento é esse que vos escreve como vice-presidente da entidade. O Ton era um cara acelerado, sempre querendo divulgar algo o mais rápido possível, querendo não perder tempo. Me lembro que no início da pandemia fizemos uma live para divulgar o novo site da FPFM e ele em todas as falas dizia: “Espero que isso passe logo e a gente possa voltar a jogar”. Eu ficava maluco e dizia que não era hora de pensar nisso. Hoje eu entendo essa sua pressa meu amigo. Era a pressa de quem é apaixonado pelo futebol de mesa e que não conseguia ficar longe dessa loucura que faz parte das nossas vidas. Monta sua mesa ai em cima, junta muita gente que se foi e manda aqueles petardos de longe que só você sabe fazer!


Ton deixa esposa, Ana Paula, os filhos Laura e Leonardo Armani e ainda a netinha Ana Clara. Mas na nossa modalidade deixa o exemplo de quem é apaixonado pelo futebol de mesa e que levou a modalidade por onde pode. Mais do que homenagens devemos levar o legado do Ton para que o nosso esporte siga sendo esse esporte apaixonante e que deixa histórias tão bonitas quanto a dele.

Agradeço aos amigos Cléo Domingos Prado, Vitor Luiz Gouvea, Diego Ribeiro, Marcelo Matos, Luís Venanzi, Paulo Pinto, Humberto Alencar, Rodrigo Tuvira, Marcelo Santos que colaboraram com esta singela homenagem.

Nascido em Santo André, criado em São Bernardo do Campo, o jornalista paulistano Vinícius Ramalho é hoje vice-presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa e diretor do departamento de futebol de mesa do Clube Meninos, atua nas mídias sociais do São Paulo Futebol Clube. No Canal Mundo Botonista, Vinícius comanda o Núcleo de Jornalismo, do qual é diretor desde junho de 2020. 

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vinicius_ramalho@mundobotonista.com.br

(011) 99443-6333


Vinícius Ramalho
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