Um príncipe campeão.

O menino ajeita a bolinha, posiciona a palheta e faz um gol por cobertura quase do meio campo. Para ver o lance, basta acessar o Instagram @heitorbotonista, criado por Heitor Cheibub Mariano, 10 anos, residente em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo.

Mais do que um gol, esta é uma prova irrefutável de que o futebol de mesa é eterno. “Algo tão especial tende a ser passado de pai para filho”, escreveu aqui no Mundo Botonista o presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM), Jose Jorge Farah, em seu primeira crônica do ano intitulada “O futebol de mesa nunca vai acabar”. 

A história de Heitor mostra que Farah está certo. Breno, o pai do menino, presenteou o filho no último Natal com uma mesa oficial. Naquele mesmo dia, fizeram partidas da meia noite até duas da manhã. “Eu quis dar ao Heitor uma opção de jogo que reúne e ensina muitas coisas, como o respeito, o fair play, o saber perder e saber ganhar, a disciplina, a obediência a regras e a alegria do convívio em grupo. Isto o futebol de botão tem de sobra, bem diferente dos jogos eletrônicos”, conta Breno, professor da área de Humanas.

Em seu primeiro torneio, Heitor – feito o Príncipe de Tróia, vencedor de muitas batalhas épicas – levantou a taça da categoria bronze. Começou perdendo a final por 1 a zero, mas virou o placar. E ele era o único menino entre os botonistas quarentões e cinquentões. “Precisamos levar o futmesa para a garotada. Já fizemos dois  eventos em um shopping, e chegamos a ter mais de 20 meninos brincando nas mesas. Precisamos mostrar à nova geração  este nosso esporte maravilhoso”, afirma o presidente da Futebol de Mesa Independente, Anderson Silva, criada em 2022 e que está alavancando a modalidade 12 toques no Espírito Santo.

“Foi muito legal o campeonato, uma etapa que somou pontos no ranking dos botonistas filiados na FM Independente. Aprendi muito nos jogos”, disse o campeão Heitor. Ele agora está inscrito e irá participar da categoria sub-18 do Campeonato Brasileiro 2023, que será realizado no Rio de Janeiro, no próximo final de semana. “Estou meio nervoso com a expectativa  de jogar no Rio, enfrentando muitos jogadores que são feras. Acho que vai ser legal. Tenho o sonho de ser campeão brasileiro, mas sei que isto vai demorar. Preciso aprender muito ainda, treinar muito. Preciso de mais experiência. Mas este é o meu sonho”. 

Campeão também é o pai de Heitor, o professor Breno, que repassa ao filho não apenas conhecimento, mas também valores, seguindo à risca o que nos ensina a poetisa Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. O saber se aprende com mestres e livros. A sabedoria, com o corriqueiro, com a vida e com os humildes. O que importa na vida não é o ponto de partida, mas a caminhada. Caminhando e semeando, sempre terá o que colher”.

Tião Barbosa é jornalista, com passagens pela Folha de São Paulo, Diário do Grande ABC e jornais A Gazeta e A Tribuna, ambos do Espírito Santo, onde mora. Botonista, integra a Futebol de Mesa Independente (modalidade 12 toques), de Vitória-ES. O cronista integra o time de colunistas do Portal Mundo Botonista e a partir de 2023 contribui também como revisor textual das publicações da plataforma.

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