Começo a coluna de hoje agradecendo aos amigos leitores pelos feedbacks. Poder ser testemunha da criação da Regra 12 Toques, para mim, foi um privilégio. Minha curiosidade e interesse no tema, na história do nosso esporte, me deram grande felicidade. Ademais, essa coluna não existiria se não fosse isso.
Finalmente chegamos, estamos em 1984 , a “equipe de notáveis”, mencionada na coluna anterior, estava a pleno vapor, quebrando a cabeça, como dizem. Certa vez, o Mura me relatou que a primeira coisa a ser feita era colocar no papel quais eram os principais problemas da regra praticada até aquele momento, a partir desse ponto, pensar nas possíveis soluções e testar essas modificações na mesa, para que se tivesse uma visão real de como ficaria o jogo, no que iriam impactar, os desdobramentos das jogadas e suas consequências.
É, meus amigos, não é uma molezinha um trabalho desse, pelo contrário, é bem complexo, toda estrutura do jogo seria alterada, afinal, estavam criando uma nova regra. A pergunta era, por onde começar? Ficou definido como primeiro foco a posse de bola, tido como o maior problema até então. O fato de não haver limite de toques era explorado por grande parte dos botonistas, o jogador que estava com a posse de bola ficava tocando, tocando e tocando, até resolver chutar a gol, alguns nem chutavam, já que estavam ganhando o jogo, e este indo para o seu final, para que chutar? Não havia dúvidas que era preciso resolver isso.
Começando os trabalhos, logo vem a primeira indagação, como limitar a posse de bola de cada jogador? Qual seria o tempo aceitável para que um botonista finalizasse o seu ataque? Várias possibilidades foram pensadas, marcar o tempo foi uma delas, 2 minutos, talvez? Testando, verificou-se ser ainda um tempo excessivo. Outro detalhe, levando em conta que o tempo de posse de bola seja definido, os botonistas teriam, por conseguinte, acesso ao tempo de jogo. Numa regra de jogo de 10 x 10 minutos, o acesso ao tempo implica em possibilidade da chamada “cera”, gerando conflitos, não era esse o objetivo, pelo contrário. Sabendo que faltam 2 minutos para acabar o jogo, por exemplo, porque devolver a bola?
Então, pensaram em limitar a posse de bola por número de toques, no momento que acaba o limite dos toques o botonista é obrigado a finalizar a jogada. Mas quantos toques? Analisaram algumas alternativas: tá bom, a gente limita os toques, mas quanto tempo o botonista vai levar para completar os toques, se colocarmos um número, por exemplo, de 9 toques? Se o jogador gastar 2, 3, 4 minutos para completar esses 9 toques, vai ficar legal? Claro que não.
Continuando nessa linha, mas não esquecendo a importância do tempo gasto para isso, acabaram chegando a um consenso, 1 minuto era o suficiente para concluir um ataque e 5 segundos era razoável para dar um toque na bola e também para chutar a gol. Então, 5 segundos x 12 toques fecham a conta em 1 minuto, sendo assim, o botonista fica obrigado, por regra, a concluir seu ataque em até, no máximo, 12 toques, levando em torno de 1 minuto. EUREKA!
Limitando a conclusão do ataque em 12 toques e definindo cada toque em 5 segundos, estava resolvido o problema da posse de bola e para ficar claro, o botonista deveria contar os seus toques em voz audível por seu adversário, sendo que até o 12º toque é obrigatório o chute a gol, devendo o botonista avisar o chute até, no máximo, após o 11º toque na bola. E o Mura exclama (imagino): Bingoooooo!!! Vejam, essa é exatamente a filosofia da regra, foi pensada assim, o Mura já afirmou isso em várias entrevistas de reportagens sobre Futebol de Mesa das quais ele participou, algumas comigo, inclusive.
Estamos só no começo, a regra teve outras alterações , essas mudanças que compuseram a 12 toques começaremos a devorar na próxima coluna, daqui a 15 dias. Até lá!