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MUNDO BOTONISTA

Por Sérgio Travassos (05/07/2021)

A capa dos meus sonhos.

Em meados dos anos 80, havia três amores mundanos em minha vida: o Santa Cruz F.C., o futebol e o jogo de botão. Em todos eles, vivenciava com grande interesse e intensidade. E correr às bancas para comprar a Revista Placar era a união de todos esses amores. Me deleitava nas páginas coloridas e textos bem trabalhados. Nela, notícias do Santa Cruz, meu time do coração, do futebol de todo o mundo e os famosos escudinhos para times de botão estavam lá.


Porém, uma capa dessa famosa e adorada revista me arrebatou o coração e acelerou as minhas sinapses. A capa era um montaréu de botões. Uns por sobre os outros. Lá estavam um botão do Santinha, do Itabaiana, Botafogo, Fluminense, Bahia, Desportiva, Campinense, Ferroviário do Ceará, dentre tantos. A minha ansiedade para que fosse algo falando sobre o meu jogo favorito foi aplicada no título: Futebol de botão: uma curtição brasileira. Um dos meus sonhos era ver na Placar uma matéria sobre esse nosso jogo.

 

E que reportagem. Nela, além de muita informação bacana, tínhamos fotos de grandes ídolos do futebol e das artes. Todos eles jogando e declarando a sua alegria pelo jogo. Também trazia as diferenças entre as várias regras, a luta para regularização e unificação delas, mostrava alguns fabricantes e contatos de artesãos e membros das federações estaduais. Enfim, uma reportagem digna e bela sobre o jogo.


Após deliciar-me com o belíssimo e rico texto do jornalista Milton Belintani, ansioso mas sem titubear, decidi ir aos correios. Lá, falei com Amílcar que falou-me, pela primeira vez, das regras e as suas nuances, com mais detalhe. Queria ir ao Geraldão,  na zona Sul do Recife, onde se jogava uma regra “baiana”, que era difícil mas que estava presente em vários estados.


Mas as coisas não eram tão fáceis feito hoje, ainda mais para um “pirraia” de seus 14 anos. Então, ficava lendo , relendo, jogando e imaginando como seria essa regra. Mas o destino já estava traçado. Um dia, jogando botão no saguão de entrada do prédio, uma das vizinhas disse que o esposo também jogava botão e chamou a patota toda para a casa dela. Ele, muito gentilmente, mostrou-nos os belos times. Um, em especial, chamou a atenção. Era um Flamengo que ele estava, justamente, colando o Decadry. Era justamente o time da “regra baiana”. E ele iria partir para o Geraldão, numa viagem longa, com direito a três ônibus , apenas na ida. Ele e a esposa falaram com a minha mãe para eu ir conhecer essa “meca” do botonismo.


A viagem que, normalmente, duraria uma eternidade, passou voando, pois o vizinho, o Cabo Félix contava-me como era o jogo, quem jogava bem, sobre as competições. Ao chegar no local, uma sala escura para os moldes de hoje, porém, lotada com botonistas que me foram sendo apresentados. Alguns, ainda hoje, jogam, feito Layette e Carlos Alberto. Outros, lembro-me dos times que jogavam: Santa Cruz, Lipalbo, Benfica, etc. Foi amor à primeira vista à regra “brasileira” de 1t. Hoje, são 34 anos de amor e encantamento pelo desafio de se jogar essa modalidade.


Buscarei, aqui no Mundo Botonista, escrever um pouco sobre essa regra, seus encantos, dificuldades e desafios. Alguns fatos, algumas opiniões, lembranças e divagações pela regra que, de toque em toque, nos faz querer estar o máximo de tempo à mesa.

Sergio Travassos é diretor do Santa Cruz F.C. há doze anos, jornalista com outras duas formações, Educação Física e Marketing, que atua há muito tempo em prol do desporto pernambucano. Tendo passagens pela Federação Pernambucana e CBFM. Sendo uma das figuras que mais defende o jogo de futebol de mesa, independente da regra de atuação, bem como que as competições sejam feitas em locais públicos, visando atrair mais visibilidade para o futmesa.

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travassos@mundobotonista.com.br
(081) 97100-2825

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