Painel do Mundo
Por Erismar Gomes (24/06/2021)
Bem amigos, sem querer parodiar o Galvão, mas já fazendo, continuemos com a história da nova “regra paulista”, como era chamada na época e que depois da oficialização do esporte ficou denominada regra 12 toques, mas isso veremos um pouco mais pra frente. Estamos em 1985, a regra começa a ser praticada oficialmente, todas as competições da Federação Paulista de Futebol de Mesa já são na nova regra, o “leva leva” agora é passado.
Nos primeiros jogos, os botonistas estão em adaptação, uma das maiores dificuldades foi se adequar aos 3 toques, quando se esbarra no botão adversário, sem falta. Aqui vale lembrar um detalhe, a bolinha na época era de feltro, mas de um feltro macio, a bola não "andava”muito, embora o toque de bola fosse mais fácil com esse tipo de bolinha.
Os times usados nesses tempos eram botões, na sua maioria, entre 2,5 mm e 3,0 mm de altura, além do mais, arrumar a bola em apenas 2 toques, já que o 3º toque tinha que ser chute a gol, era tarefa difícil. Isso geralmente implicava em chute de longe, o que grande parte dos botonistas não estava habituada a fazer, já que os botões usados não favoreciam esse tipo de chute.
Os poucos jogadores que chutavam de longe, no “leva leva”, arrumavam a bola perfeitamente apontada. Com apenas dois toques antes do chute, a maioria das vezes não era possível tal arrumação. Com o tempo, os times de botões “canoados”, com 2.8 mm de altura, muito usados na época, deram lugar a botões mais retos em cima e a altura dos times começou a subir. Começaram a surgir os "inacreditáveis gigantes" de até impensáveis 3,5 mm de altura (risos), argolados, retos.
Isso posto, vocês podem ter uma ideia da dificuldade dessa adaptação, lógico que gerou algumas reclamações, o conservadorismo não gosta de mudanças. Mas, depois de algum tempo, todos concordaram sobre a importância desse quesito na regra.
Outra dificuldade na adaptação da nova regra era a saída de bola, sim, meus amigos, a saída de bola, isso porque a saída tinha que ser dada com os botões alinhados lado a lado, sendo obrigatório o toque inicial com o botão do meio. Agora que a regra só permitia 12 toques, surgiu a defesa "linha burra" que todos vocês conhecem e não preciso detalhar, mas que antes da nova regra jamais era praticada, não havia o menor sentido nela quando não se tinha limite de toques, ainda mais com a jogada “espalha brasa". Evidente que a linha burra seria inócua e nem era pensada.
Atribui-se a criação da linha burra ao botonista Harutiun Muradian, sim, o Mura da “equipe de notáveis”. Essa maneira de colocar a defesa dificultou muito a saída de bola, até que, certa vez, o botonista Elvis Lamego João, conhecido somente por Elvis, simplesmente recuou um dos botões postados no grande círculo para a saída de bola e com o botão do meio, ao dar a saída, acionou o botão para o lado, colocando-no de forma estratégica para a facilitação de passagem pela linha burra. Tal estratégia foi copiada e todos os botonistas, com exceção dos que gostavam de chutar de longe, passaram a fazê-la.
Apesar da regra determinar que os botões tinham que ficar lado a lado, o costume suplantou a regra nesse quesito, virando não uma jogada de direito, mas uma jogada de fato. O direito, a regra, teve que acompanhar o fato, a jogada.
Em nossa próxima coluna vamos começar a falar das primeiras mudanças e aperfeiçoamentos da “nova” regra 12 toques. Até lá, amigos!
O corretor de seguros Erismar Ferreira Gomes, 58 é paulista, torcedor do Santos F.C, e um apaixonado pelo futebol de mesa e virtual (no video-game). No Futebol de Mesa tem um rastro indelével tanto no espectro da gestão (tendo sido diretor de departamentos em clubes importantes como Corinthians e Maria Zélia) e presidente da Federação Paulista; quanto na qualidade de atleta - onde ostenta inúmeros títulos, incluindo um bicampeonato Brasileiro por equipes e o título Brasileiro individual em 2005 (ambos na categoria masters). Erismar é uma testemunha privilegiada da história e evolução da regra 12 toques pois não apenas a viu nascer mas participou ativamente da sua história.
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