Meu filho, o Davi Gabriel, está com nove meses de idade. Logo vai fazer um ano, depois cinco (sim, pulei porque passa muito rápido) e em seguida estará dando umas palhetadas. Aliás, do jeito que essa criançada anda voando, talvez antes.
Aí você pergunta: “peraí, mas e se ele não curtir a ideia?”. Sim, isso poderá ocorrer. Mas estou indo pela lógica de que o Davi vai seguir os passos do pai e estamos conversados. Sendo assim, continuemos abaixo com a questão acima resolvida, tudo bem?
Deixar um legado é minha meta para com ele em se tratando de futebol de botão. Ele será incentivado a ser competitivo. Lógico que tratarei sobre isso com leveza, mas quando me refiro a competitividade é fazer com que jogue torneios, evolua, mantenha o hábito sem pausas. Algo que não consegui fazer e que, torço muito, ele consiga.
Ensinarei a saber perder, também. Não só no futebol de botão, mas na vida. Aliás, perder também é da vida. O que é diferente de ser derrotado. Perder é olhar para o erro e tratar como crescimento, reação, melhoria. Ser derrotado é deixar que o fracasso te abrace e você fique no cantinho, emburrado, esperando pela sorte ou que caia algo do céu. Essa diferença é que vou procurar mostrar a ele. No botão e na vida, reforçando.
Minha retomada ao futebol de mesa muito se deu por causa dele. Não vou ser hipócrita em esconder que a vontade de voltar a dar palhetadas tomou conta de mim e, desta forma, apenas tive o trabalho de unir o útil ao agradável.
Cabe registrar, a avó do Davi já avisou que o bom e velho assoalho está lá, esperando pelos joelhos e cotovelos dele. Acredite em mim, aquele assoalho chega a ser macio. Por sinal, ela foi bem enfática: o Davi terá de jogar no chão mesmo, pois não vai ser aceito o Xalingão. A vovó enfatizou, também, que ele não precisará lustrar o chão como era exigido ao pai. Achei meio que injusto, mas pelo fato de ser meu filho, abri uma exceção e desconsiderei qualquer mágoa.
Mais adiante ele também vai ter um smartphone. Hoje em dia é inevitável e faz parte da roda que anda girando por aí. Porém, volta e meia se desvincular da tecnologia e praticar atividades lúdicas como o futebol de botão também seguirá na pauta. Coleção herdada ele já terá. Aí, barbada, bastará praticar, seja na mesa do pai, seja no assoalho da vovó. E, se for lá, o papai lustra o chão, depois, para ele, sem problema algum...