Caros leitores, lembram como terminei a coluna anterior? Dizendo que "tudo começou em 1984." Essa é uma história, porém, que precisa ser contada devagar, em doses "homeopáticas" para que entendamos todo um contexto, o momento em que se encontrava o futebol de mesa.
Começo por ressaltar que o termo "Futebol de Mesa" já era usado nas competições oficiais aqui de São Paulo. Tendo isso em vista, convido-os para uma verdadeira viagem no túnel do tempo. Um pouco antes ainda, em 1983, ano em que a Federação Paulista de Futebol de Mesa teve uma espécie de re-fundação (apesar de datar de 1962, a FPFM encarou vários momentos de paralização das atividades e se fez necessário regulamentá-la novamente e assim retomar a gestão e organização do esporte no estado de São Paulo.
Nesta época havia múltiplas regras regionais sendo praticadas dentro do próprio estado, e com a legalização da FPFM as competições oficiais eram na chamada "Regra Paulista", (para os que tem menos de 30 anos, estamos falando de uma época onde não havia celular, internet, nem mesmo computador como conhecemos hoje). As carteirinhas dos Botonistas filiados a FPFM eram datilografadas na máquina de escrever (dá um Google
aí), e lógico que a comunicação entre as diversas regiões que praticavam o esporte não era fácil como hoje.
Por outro lado estamos falando de um tempo que jogava-se botão em tudo quanto é lugar. Havia algumas fábricas de brinquedos famosas que fabricavam times de botão, estes vinham em caixinhas acompanhados de uma regra baseada na modalidade paulista. E talvez a essa altura você esteja perguntando o porquê de eu estar relatando tudo isso. Bem, pra responder de maneira objetiva: este preâmbulo serve para ligarmos "a coisa" ao nome. Foi esta regra chamada de Paulista que gerou, ainda de forma embrionária, a regra da modalidade 12 toques. Em outras palavras, a modalidade 12 toques nasce em São Paulo.
Pra quem não conheceu a "regra paulista" passo a ditar resumidamente suas principais características. O Botonista tinha 3 toques por botão e não havia limites de toques, bola na pequena área era do goleiro, bola na pequena área arruma-se os botões na mesa para continuar a partida, (isso mesmo! ataque e defesa eram novamente posicionados, primeiro o ataque depois a defesa marcando o ataque e segue o jogo). Outro detalhe importante: era permitido bater com seu jogador no botão adversário desde que não seja falta e os toques continuavam ilimitados.
Bem, só por esses detalhes já é plenamente possível imaginar o surgimento de várias rusgas, digamos assim, com o acirramento das competições. Já havia um descontentamento com a regra por boa parte dos competidores, mas esse movimento por mudanças ficou mais forte em 1984 através de grandes Botonistas da época que, de alguma forma, estavam envolvidos com a FPFM e ajudando na organização dos eventos. A partir de agora vou narrar alguns fatos curiosos nas partidas de competições oficiais que fizeram surgir esse movimento por mudanças (lógico, na próxima coluna).
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