Painel do Mundo
Por Giovanni Nobile (10/07/2022)
O maior campeonato brasileiro de futebol de mesa de todos os tempos ter sido realizado em pleno 2022 é algo esplêndido.
Para desavisados, que não conhecem o futebol de mesa, essa frase acima deve até mesmo soar como mentira, só mais uma "fakenews" em terra tupiniquim. Mas como não devemos banalizar os absurdos, nós do futebol de mesa não compactuamos com esse tipo de prática. E mais: fizemos e acontecemos. Sim, em 2022, foi realizado o maior campeonato brasileiro de futebol de mesa do mundo e da história (ao menos até aqui!).
Gosto desse verbo: realizado. Seria um equívoco dizer que o campeonato “aconteceu”, assim, como obra da natureza, como coisas cotidianas que sem grandes esforços coletivos acontecem. Por exemplo, acontece de uma folha seca cair de uma mangueira ou de um abacateiro. Ela está lá e, por obra da gravidade, num determinado tempo ela simplesmente cai. Acontece. E ponto.
Um campeonato brasileiro como o que vimos não é algo que acontece. Muito menos em 2022. Muito menos depois de dois anos de pandemia que barraram eventos de qualquer porte. Um campeonato como esse é realizado. Realizado. Com “érre” maiúsculo. São pessoas envolvidas com o esporte em 13 estados do país que se organizaram para que este evento superasse a barreira do provável e atingisse este porte talvez inimaginável em ambientes que não sejam botonistas.
Para um leigo, o lógico seria que o maior campeonato brasileiro de futebol de mesa tivesse sido realizado na primeira metade dos anos 1990, quando times de futebol de botão eram vendidos em cada esquina e em todas as garagens se disputavam campeonatos e amistosos. Fosse naquela época, talvez o campeonato tivesse, de fato, acontecido. Mas hoje, não. Hoje ele foi realizado. Supera os games, os obstáculos da saúde global e se sobrepõe com força. E vejam só: é um campeonato que acabou á 3 semanas. Mas que jamais terminou. Ele ainda ecoa em nossas memórias.
Aqueles que puderam comparecer presencialmente, puderam respirar o que foram as disputas entre os mais de 200 botonistas ao longo daqueles quatro dias. Já o mundo tecnológico se consolida como um dos mais fortes aliados do futebol de mesa, com o Mundo Botonista transmitindo as partidas, além da cobertura de perfis de Instagram e demais redes dos diversos atletas e equipes.
Aliás, as equipes fizeram um show à parte. É legal demais ver a Associação atlética Banco do Brasil com botonistas de Pernambuco, de Minas Gerais e de Brasília. É um clube tradicional do futebol de mesa pelos quatro cantos do país, que inclusive já foi sede de um Brasileiro em Blumenau (SC). É legal demais também ver clubes específicos do futebol de mesa e, aqui, cito o TMJ, com uma emocionante partida final do sub-18, mostrando que a equipe – talvez uma das mais carismáticas do país – desenha um futuro do futebol de mesa já com os dois pés no presente.
Em todo caso, fica o registro aqui também para o prazer que dá ver clubes tradicionais do futebol valorizando o futebol de mesa abrindo espaço para departamentos do nosso esporte em seus espaços. Menção honrosa, claro, ao São Paulo Futebol Clube, que abriu sua sede para a realização do torneio histórico. Mas ver Corinthians, Palmeiras, Vasco, Botafogo, Flamengo, Fortaleza, Ceará, Sport, Santa Cruz, Gama, Londrina e tantos e tantos outros que certamente caberiam aqui, mas que por falha de memória não registro nessas tortas linhas... nossa, isso é legal demais. Sou torcedor do Londrina Esporte Clube. E ver o azul-celeste da bandeira do clube fazendo bonito nas mesas foi legal demais.
O campeonato acabou, mas não terminou. Ele só reforça o futebol de mesa como um esporte sério e organizado. Mas também lúdico e com espaço para muita harmonia. E vem aí mais competição nacional eletrizante. Seguiremos ligados aqui no Mundo Botonista. Afinal, onde tem futebol de mesa, tem também Tá no Filó!
Giovanni Nobile é jornalista e fundador do Águia Branca Futebol de Mesa (time que nasceu nas quadras de futsal em Santo Antônio da Platina, no Paraná, fez um jogo em 1997, ganhou, e se orgulha de ser o time há mais tempo invicto no mundo - tudo bem que nunca mais jogou, mas essa é outra história). Seu melhor resultado nas mesas foi um vice-campeonato de etapa na série extra da Liga União, cuja medalhinha tem guardada até hoje. Há mais de 10 anos, vive em Brasília. Por aqui, traz crônicas aos domingos sobre o nosso Mundo Botonista.
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