O calendário nacional, no âmbito da regra 3 toques, em tese, se resume a três competições por ano: o Campeonato Brasileiro Individual, o Campeonato Brasileiro de Equipes e a Copa do Brasil (que alterna um ano individual e outro por equipes). Se olharmos apenas para o calendário nacional a possibilidade de intercâmbio entre atletas das mais diversas praças ficaria muito reduzida e, da mesma maneira, a oportunidade de jogar, ver, aprender e abstrair novos conhecimentos. 

Contudo, paralelo às competições nacionais, clubes e federações, de forma conjunta ou separada, oferecem uma série de torneios que, além de preencherem bem as lacunas do calendário, servem para promover o intercâmbio e também para a valorizar sedes e clubes. Alguns torneios são restritos a uma ou outra federação mas, de modo geral, os torneios regionais abertos permitem que qualquer botonista participe. Comparecer nesses eventos, longe das cercanias de seus clubes de origem, permite uma troca de informações, uma amplitude de visão de jogo e, até mesmo, um elastecimento da gama de amigos. Óbvio que para desfrutar desse intercâmbio se faz necessário um pouco de abnegação, dinheiro e tempo. Viajar para outra praça, por exemplo, não é fácil por conta dos compromissos com a família, trabalho e outras obrigações. Entretanto, vale muito à pena.

Existe um ditado que diz que cada pessoa nova com quem se interage faz com que deixemos um pouco de nós, mas também levemos um pouco daqueles com quem nos encontramos. No futebol de mesa também é assim.  A cada campeonato novo, com pessoas novas, com estratégias diferentes, sempre levamos algo conosco. A volta desses torneios faz bem não só para quem vai, mas também para os colegas de clube, pois percebem mudanças no jogo de quem viajou para jogar com outros botonistas. Estamos sempre em construção e desconstrução e esses torneios regionais servem muito bem a esse propósito (além da possibilidade rever e fazer novos amigos).

Um torneio aberto que é praticamente o da abertura do calendário, sempre realizado em janeiro de cada ano, é a Taça Pepê de Duplas Livres, realizado pelo Liberdade Futebol de Mesa, de Belo Horizonte. Esse torneio, permite, por exemplo, que atletas de clubes diferentes possam formar uma equipe na busca do título. Além de homenagear um grande amigo que se foi (Pedro Henrique, o Pepê), o certame permite a formação de equipes, que não se pode fazer com diferentes números de CNPJs. Os torneios em comemoração ao aniversário e aos fundadores do Grêmio Mineiro (Benjamin Abaliac, Josué de Castro e Sérgio Burnier), um dos clubes mais tradicionais daregra são também excelentes. Além da atual sede do Grêmio Mineiro ficar próxima a um dos cartões postais da capital mineira — na região da Pampulha — essas competições, além de muita história e "estórias" da 3 Toques, gera excelentes jogos e muita disputa. Até pouco tempo, quando a sede do Grêmio Mineiro era no Ginásio do Mineirinho, tínhamos a disputa do Torneio Tued Malta para a turma da velha guarda. Por muito tempo foi chamado de Brasileiro de Sêniores.

Outros torneios importantes realizados na região da grande Juiz de Fora/MG são a Copa Parminha (que homenageia a Sra. Parminha que foi grande incentivadora dos meninos de Matias Barbosa) e Taça da República (realizada próximo ao feriado da Proclamação da República). O Tupi de Juiz de Fora organiza competições tradicionais em homenagem àqueles que foram essenciais ao desenvolvimento do polo mais vencedor da regra, tanto individualmente quanto coletivamente. Alguns dos homenageados já se foram como o Torneio em homenagem a José Henrique Winter, outros estão sendo homenageados em vida, como nos Torneios Márcio Lopes em celebração ao artesão, botonista e atual presidente da FEFUMEMGE. Essas disputas realizadas por entidades distintas (na sede da ADMB, de Matias Barbosa, e do Tupi, em Juiz de Fora) e recebem atletas das cidades anfitriãs, além do  Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Rio das Ostras/RJ, Três Lagoas/MS, Santa Bárbara/MG, e outras mais.

Na cidade de Santa Bárbara/MG é realizada a tradicional Copa Caraça, organizada no clube de mesmo nome. Além de serevelar um excelente ambiente para a prática do futebol de mesa, a tradicional resenha no final do dia chama muito a atenção. Na resenha do Caraça os adversários têm a oportunidade de dar risadas sobre os lances acontecidos nas mesas sempre em tom de festa, sem esquecer da competitividade.

No Estado de São Paulo a turma da Liga Rio Pretense de Futebol de Mesa não fica para atrás e, sempre que possível, realizam torneios abertos onde todos os praticantes da regra podem comparecer para fazer parte de um dos torneios mais competitivos que existem. A Taça São Paulo de 3 Toques é sediada, na maioria das vezes, em São José do Rio Preto/SP, mas já tivemos edições no polo de Bilac/SP. Nesse torneio, além dos paulistas e mineiros, os atletas brasilienses e goianos têm comparecido em peso. Alguns vão pela certeza de poder comer um bom peixe próximo à represa da Hidroelétrica do Trecho e outros pela possibilidade de rever amigos e parentes. Esse torneio é aberto para todos e muito bem disputado.

Há ainda outros torneios de relevância nacional que são organizados por federações, também de forma aberta. O Torneio Rio-Minas (realizado pelas federações do Rio e Minas, alternando ano a ano as sedes entre os Estados) e a Copa Centro Oeste. Por questões de números de mesas e participantes, o Torneio Rio-Minas é restrito aos atletas das duas federações, ao menos por enquanto. 

A Copa Centro-Oeste (realizada pelas federações de Goiás e Distrito Federal) é a competição mais importante da região e, atualmente, está aberta para atletas de todo o país. O celeiro dos últimos campeões brasileiros individuais revela um campeonato muito disputado com a presença de vários campeões brasileiros individuais. Além disso, poder jogar na capital nacional, na bela vista que a AABB-DF tem mirada no Lago Paraonoá, ajuda a lelaxar a mente nos intervalos dos jogos. Sem falar que a turma de Brasília também recebe muito bem quem vai de fora. Os campeonatos, além bem disputados, são muito bem desfrutados por quem vai jogar no Planalto Central.

Esperamos pelos convites de torneios abertos realizados em Porto Alegre, Viamão, Moreno, Manaus e outras praças ainda pouco desenvolvidas para que possamos levar um pouco do que temos e trazer algo novo para a prática do futebol de mesa. A construção do jogo se dá, como disse, na base da troca de experiências.

Viva e deixe sua marca, ainda que seja em balizas de outros clubes e cidades. Para isso é preciso andar. Vamos no próximo aberto?