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MUNDO BOTONISTA

Por José Carlos Cavalheiro (28/07/2021)

Lito.  

Rafael Domingos Barricelli, o Lito, é, assim como Harutium Muradian, um dos mais antigos do futebol de mesa paulista. Ele, mesmo aos 75 anos, continua na ativa, tendo sido atleta de diversos clubes, como o Alfa Clube, São Judas, Maria Zélia (duas passagens e por onde atualmente atua), Juventus, Sete de Setembro e Corinthians. Mas, antes de surgirem os clubes, os aficionados paulistanos realizaram muitos torneios na casa do Lito e também nas casas de outros botonistas.


Lito continua participando de torneios, como campeonatos paulistas por equipes e individual, brasileiros, etc. Ele tem orgulho de até hoje ser titular da equipe máster do Maria Zélia. Lito coleciona 13 títulos paulistas por equipes e mais dois campeonatos brasileiros. Quanto aos títulos individuais, ele afirma ter alguns, mas não se lembra quais. Segundo ele, não existe um segredo para ser tão longevo no esporte. O que ele afirma ter é uma paixão muito grande pelo futmesa. Ele confessa que quando leva umas goleadas, retorna para casa p... da vida pensando que está na hora de pendurar a palheta, mas, no outro dia, retorna ao Maria Zélia com sua malinha de botões para treinar.


Ele deixou para o filho a mesma paixão pelo futebol de mesa. Célio Barricelli jogou por vários clubes, entre eles Círculo Militar, Maria Zélia, Juventus, Bandeirantes, etc. Entretanto, Célio não herdou do pai a paixão pelo Corinthians e tornou-se torcedor do São Paulo, equipe pela qual atualmente joga.

Lito é um dinossauro, a história viva dos primórdios da modalidade Bola 12 Toques. Relato aqui alguns “causos” que corroboram minha afirmação.


Seu primeiro time de acrílico foi presente de um antigo jogador, o José Roberto Primo. Quem fazia os times para ele era um tio de dois jogadores que jogavam no Alfa, Tuti e Heraldo. Lito se interessou pelo processo e foi atrás de informações. Com o Sr.Lauro, um fabricante do bairro do Canindé, ele pegou umas dicas. Agora, a cereja do bolo, o Lorival de Lima era chefe da indústria mecânica pertencente ao pai do Lito que, quando garoto, perturbava o Lorival para fazer times para ele. Como outros atletas gostaram do trabalho, Lito incentivou o artesão a comprar um maquinário. Lorival começou, então, a fazer times com mais frequência e se tornou uma referência entre os fabricantes de materiais para a prática do futebol de mesa.

Outro fato muito interessante contado pelo Lito foi que, um dia, ele foi comprar um retalho de acrílico para o Lorival usinar um time. O dono da loja perguntou para que se destinava a placa e Lito explicou que era para fazer botões. Então, o comerciante falou que fez botões para um senhor, mas não sabia seu nome. Lito deixou seu telefone para ele passar para essa pessoa que era, nada mais nada menos, Geraldo Décourt. Lito o convidou para que ele conhecesse o clube Alfa. A partir desse primeiro contato, Geraldo Décourt, que já tinha uma idade avançada, conheceu vários outros clubes e, posteriormente, fundou o Botonice, junto com Antonio Maria Della Torre e outras pessoas.

Nos primórdios do futebol de mesa paulista se praticava o “leva-leva”, mas esta forma de jogar causava problemas, pois o jogador que estava ganhando tocava, tocava e voltava para defesa até terminar o tempo. Para resolver esse problema, o então Presidente da FPFM, Antonio Maria Della Torre, montou uma equipe de botonistas encarregados da elaboração de um estudo para a criação de uma nova regra para o esporte. Rafael Domingos Barricelli (Colégio São Judas Tadeu), Harutium Muradian (Grêmio Paulista), Helton Barbuto (Canadá Clube) e Hideo Ue Filho (Clube Paulistano) foram os convocados. A primeira regra da modalidade Bola 12 Toques foi feita exatamente na casa do Lito. Optou-se por 12 toques coletivos e três por botão porque eram números múltiplos. Os fundadores da modalidade ficavam na sala redigindo a regra e depois iam para uma mesa de jogo testar o que havia sido escrito. Dos quatro, apenas Mura e Lito continuam na ativa.

Lito é paulistano da gema e morador do seu bairro mais emblemático, a Mooca, lar de muitos italianos, cujos descendentes, como ele, não abandonaram o lugar. Nunca residiu e nem pretende morar em outros bairros, pois lá se sente verdadeiramente em casa. O Juventus, clube do bairro, é o segundo time do coração. Para dar mais ênfase a sua identidade mooquiana (se é que esse nome existe) tem orgulho de dizer que nasceu em uma maternidade do bairro. Mais genuíno impossível, meu...

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Formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Carlos Marques Cavalheiro, nasceu na capital carioca no ano de 1962. Foi atleta de futebol de mesa na modalidade Bola 12 Toques de 1998 a 2005, quando foi viver em diferentes lugares: São Paulo, Paris, Jundiaí e Bogotá, onde atualmente reside. É o responsável pelo site da FEFUMERJ desde dezembro de 2004. Atualmente exerce o cargo de Diretor de Comunicação da entidade.

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