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MUNDO BOTONISTA
Em Algum Lugar do Passado

Por José Ricardo Almeida (29/04/2022)

Nascimento e evolução do futebol de mesa no DF.

Minha família, da qual fazem parte mais três irmãos botonistas, proveniente de Salvador-BA, chegou à Brasília em janeiro de 1972. Poderíamos tentar contar a história do nascimento e evolução do futebol de mesa no DF a partir dessa época, mas é preciso retroceder no tempo com o objetivo de nos lembrarmos, o máximo possível, de algumas dessas pessoas que se tornariam responsáveis por grande parte dessa história.


Sempre fomos apaixonados pelo futebol de mesa, primeiramente como praticante assíduo, daqueles de viajar por todo o Brasil onde tivesse um torneio amistoso que fosse, e de alguns anos para cá, mais preocupados em resgatar a história do nosso esporte.


A nossa volta ao passado tem início quando, pesquisando no site da Biblioteca Nacional, deparamos com a edição de 9 de maio de 1962, pág. 4, do Correio Braziliense, maior jornal do DF até hoje, onde destacava a seguinte matéria:

“Foi fundada nesta Capital Federal, a Liga Brasiliense de Futebol de Mesa, com sede provisória no Bloco 46 da Asa Norte. Um Torneio Início a ser realizado no próximo dia 20 já está organizado com a participação dos seguintes representantes: Edmilson Aragão, Francisco Leitão, Lourenço Francisco Dutra, Olívio Cabral, Píndaro, Valério Antônio e Yves Bancillon”.

Nas próximas edições encontramos muito pouco a respeito dessa Liga e de seus pioneiros desbravadores.


Assim foi até o ano de 1968, mais precisamente no dia 14 de outubro de 1968, quando surgiu um outro grupo de aficionados pelo futebol de mesa. Nesta data, foi lavrada a primeira ata do Clube de Futebol de Mesa de Brasília. Reuniram-se Luiz Roberto Bastos Serejo, Paulo Luiz Bastos Serejo e Luiz Paulo Bastos Serejo. Não demoraria para a eles se juntarem outros grandes nomes da história do futebol de mesa na Capital Federal, tais como Walter Morgado e seu filho Antônio Carlos, Alexandre Coelho e Francisco Vidal. Detalhe: todos moradores das vizinhas quadras 106 e 306 Sul.

Desse dia em diante e até o ano de 1971, o grupo foi só aumentando e ficou clara para todos a necessidade de se buscar uma urgente saída de seus apartamentos e encontrar, consequentemente, um local onde todos pudessem se reunir para disputar as várias competições promovidas pelo Clube.

Até que, em 6 de março de 1971, às 14 horas, no subsolo da Loja 2 da SCLS 204, foi inaugurada, ao som da marcha “Pra Frente Brasil”, a sede do Clube de Futebol de Mesa de Brasília. Além dos técnicos inscritos para o primeiro campeonato e seus familiares, esteve presente o Major José Antônio Pires Gonçalves, Diretor do Departamento de Educação Física, Esportes e Recreação do Governo do Distrito Federal - DEFER. Por sugestão deste órgão, o nome do clube mudaria para Associação de Futebol de Mesa de Brasília, que viria a ter uma importância significante na história do esporte no Distrito Federal. Com todas as dificuldades inerentes a um clube de futebol de mesa, a AFMB resistiu bravamente até o ano de 1977. Neste ano, por iniciativa de Sérgio Alberto Moreira Antunes Netto, surgiria um novo clube, em 5 de maio de 1977: o Clube de Botões do CEUB (Centro de Ensino Unificado de Brasília).


Alguns podem até pensar que dois clubes de futebol de mesa de uma mesma cidade haveria ajuda mútua, tornaria o esporte mais solidificado, mais divulgado, aumentaria a rivalidade, mas, como, se seus responsáveis/praticantes não se conheciam... não tinham conhecimento um da existência do outro? Esse problema viria a ser solucionado em 1979. Após manter contato com Sérgio Netto, José Ricardo Caldas e Almeida e João Alvino de Paiva Resende também criaram um clube especializado em futebol de mesa na UDF-Universidade do Distrito Federal, onde o primeiro estudava e o segundo era funcionário. Isso foi em 30 de setembro de 1979.

No começo de novembro, botonistas do Ceub e da UDF promoveram a vinda de oito técnicos do Rio de Janeiro à Brasília, quando passariam a praticar a regra dos 3 Toques. O apoio da imprensa falada e escrita ao torneio interestadual proporcionou uma grande afluência ao encontro entre cariocas e brasilienses. Dela fizeram parte alguns interessados em criarem os seus próprios clubes, tais como Gaspar Vianna e Vicente Parisi (que fundariam a Telestar), Paulo Sérgio Nader e Ésio Buarque, que formariam o Serrano, de Sobradinho, e o renascimento da Associação de Futebol de Mesa de Brasília, através de Walter Morgado. Já existiam o CEUB (agora liderado pela dupla Sérgio Netto e Márcio Da Rós) e a UDF (onde se destacavam João Resende e José Ricardo Almeida).


Na mesma época desse torneio interestadual foi criada oficiosamente, em 3 de novembro de 1979, a Federação Brasiliense de Futebol de Mesa e se falou, pela primeira vez, na realização de um Campeonato Brasileiro no ano seguinte, no Rio de Janeiro. A reunião contou com a presença do Presidente da Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro, João Paulo Mury, e de alguns botonistas de Brasília.


Estava, assim, concretizado um velho sonho dos botonistas de Brasília. Com a criação da Federação, conseguiu-se acabar com um antigo problema: a regra a ser utilizada. Existiam clubes e técnicos que promoviam torneios internos, cada um com sua própria regra: o CEUB jogava numa variação da então regra paulista, hoje 12 Toques (dois toques na bola por jogador), a UDF em um toque, na Regra Brasileira, mais conhecida como baiana, e a Associação na regra do passe, ou seja, sempre que houvesse passe (bola bater no botão), a posse de bola continuava sendo do técnico que executou o lance. A Federação procurou uniformizar a regra, adotando a mesma utilizada pela Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro, ou seja, a de três toques por técnico (se desse passe no segundo lance, teria direito a jogar o terceiro), conseguindo atender às necessidades de todos os praticantes.

A Federação Brasiliense de Futebol de Mesa foi de primordial importância no desenvolvimento e crescimento do futebol de mesa 3 Toques no Brasil. Em 1981, promoveu, na ASBAC, o primeiro Campeonato Brasileiro Interclubes (fato que ocorreu em mais onze oportunidades); dois dirigentes da FBFM, José Ricardo Almeida e Sérgio Netto (juntamente com outros dois do Rio de Janeiro, João Paulo Mury e Orlando Campos Junior), foram responsáveis pela disseminação da regra 3 Toques por diversas cidades do Brasil, dentre elas Belo Horizonte-MG, Juiz de Fora-MG, Lajeado-RS e São José dos Campos-SP; três filiados à F.B.F.M. já foram Presidentes da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa-3 Toques: Álvaro Sampaio Filho (1989/1992), José Ricardo Almeida (1995/1997) e Adolpho Parente (2009/2012).


Nas mesas, em dez oportunidades pôde comemorar o título de campeã brasileira, tanto interclubes (com UDF, Serrano, Associação, Cota Mil e AABB), ou individuais, com José Ricardo Almeida, Paulo Caruso e Tarcízio Dinoá Junior.

Hoje, registrada em cartório como Federação de Futebol de Mesa de Brasília e tendo em Simplício Luiz Leandro dos Santos seu atual Presidente, em 2021 conquistou uma das maiores vitórias para o esporte no DF, ao conseguir, depois de muitos anos, uma sede própria.


Será mais um local para que seja cumprido um recheado calendário de competições oficiais em mais duas regras oficiais.

Na modalidade Dadinho, a Federação já organizou três Campeonatos Brasileiros Individuais, nos anos de 2008, 2011 e 2017, e uma Copa do Brasil Individual em 2014. Na 12 Toques, o DF está dando seus primeiros passos e deverá, dentro em breve, tomar parte das competições nacionais.

Biblioteca de "Em Algum Lugar do Passado"
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O baiano radicado em Brasília (DF), José Ricardo Caldas e Almeida, é adepto da modalidade 3 Toques, tendo atuado como diretor técnico e presidente da Federação Brasiliense e da CBFM 3 Toques. Sempre preocupado em arquivar a história do futebol de mesa, Zé Ricardo foi responsável pelo "K entre nós", boletim distribuído para todo o Brasil ainda na era pré-internet e, com a chegada dos computadores, passou a fazer esse mesmo tipo de trabalho em blogs e sites. Desde 2018 é o responsável pelo Museu Virtual do Futebol de Mesa (no facebook) e atualmente chefia o Núcleo de Memória e Pesquisas Históricas do Canal Mundo Botonista.

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jose_ricardo@mundobotonista.com.br
(061) 99685-3050

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