Hoje é Dia das Mães. E a homenagem que deixo para todas elas é contar sobre um clássico que aconteceu entre minha “madre” e eu.
Até então minha mãe nunca tinha jogado botão. No máximo o que ela havia feito era lustrar o chão da sala (eu ainda não tinha o Xalingão) antes dos meus jogos. Uma espécie de corte de grama antes de cada espetáculo.
Até que um dia, lembro que eu estava de férias escolares de meio de ano, minha mãe, meio que do nada, pediu para jogar uma partida comigo. Achei estranho aquele pedido e já me via aplicando uma goleada nela, quando veio o famoso “porém”. Ela, gremista, jogaria com o Inter, enquanto que eu, colorado, deveria ir para o confronto com o Grêmio. Enfim, aceitei.
O jogo foi acontecendo e ela até que não se saía mal nas palhetadas. Óbvio que errava bastante, cometia faltas e raramente finalizava para o gol. Eu, com meus passes e jogadas certeiras, assumia o controle do jogo, mas, diria Legião Urbana, “quase sem querer”, finalizava para fora.
Simulei estar irritado, socava o chão (lembre-se, eu ainda não tinha o Xalingão) e reclamava de meu “azar”. E, enquanto eu fazia todo aquele drama, ela fazia que acreditava em mim. Minha mãe podia ser péssima no botão, mas nada ruim em suas percepções para comigo, fosse no botão, fosse na vida.
Jogo evidentemente se encaminhando para o zero a zero e eu resolvo deixar o coração colorado falar mais alto. Ao atrasar uma bola para o goleiro, novamente “quase sem querer” faço um gol contra. Ela, com seu Inter, fazia 1 a 0 praticamente no apagar das luzes. Confesso que o remorso me atingiu em questão de segundos e, na passagem do centro, fui com tudo para buscar o empate (eu jogava aquele botão de criança, onde a posse era até errar, fazer falta ou finalizar).
Tive a chance de empatar e o tempo se esgotou. Minha mãe pediu que eu fizesse o último chute. Deus é testemunha que fui sério para o lance, mas acabei mandando para fora e a partida encerrou em 1 a 0 para a gremista que jogou com o Inter.
Bons tempos que não voltam mais... Talvez aquela tenha sido a derrota mais bacana que tive na vida. Minha mãe até sugeriu uma revanche, mas eu só aceitaria se cada um jogasse com seu time do coração. Contudo, não houve acordo. Ela podia não ser boa botonista, mas sempre foi uma gremista ferrenha e detestaria ser goleada por mim.
Feliz Dia das Mães para nossas progenitoras, as quais nos dão de goleada quando mandam suas palhetadas de amor, carinho e atenção. Neste jogo somente uma “grande zebra” para a gente conseguir superá-las.