Julho também é mês de férias escolares. E das minhas férias de trabalho. Gosto do ócio de julho. Ficar uns dias sem fazer nada em julho é muito gostoso. A gente usa o tempo para resolver um monte de coisas e quando volta ao trabalho, nota que resolveu, quando muito, 10% do que queria, pelo simples motivo que usou os outros 90% para fazer nada. Esplêndido, isso.

A parte ruim é que a gente não consegue ficar sem acordar cedo. Depois que viramos pais, pode esquecer. O relógio biológico está sempre alí, te despertando às seis e pouco, um pouco antes do despertador do celular.

E, assim sendo, fui tomar um café com a patroa, quando ela perguntou “o que você vai fazer hoje? ”. Resolvi respondê-la em forma de poesia:

Hoje vou fazer nada

No máximo jogar botão

Sem mesa, sem pressão

Como antigamente, no chão

Vou ralar os joelhos, azar

Nada vai me desanimar

E se as costas vierem a doer

Saibam elas, sou osso duro de roer

A palheta, amiga querida

Seguirá firme na minha mão

Tão importante em minha vida

Guardada em meu coração

Gulliver azul, branco e vermelho

Três times, cabe um torneio

Goleiras de plástico, bola pastilha

A tarde, iluminada, brilha

E no fim do dia, quando minha querida chegar

Já estará pronto o seu jantar

E neste momento vou aproveitar

Para dizer quem irá o torneio ganhar

Não haverá favorito

Jogos parelhos, já está escrito

E assim terei férias de glória

Pelo dia que ficará na memória

Ela riu, se despediu com um beijo e desejou que eu aproveitasse esse dia, que tenderia a ser muito especial. Por fim, na porta, me chamou de Drummond dos botões. Depois que saiu fiquei ali, pensando: será que Drummond chegou a jogar botão?