Painel do Mundo
Por Giovanni Nobile (16/03/2025)
As caixas acumulam poeira e no começo de todo ano elas são reviradas, em busca de alguma fantasia antiga que possa ser recuperada para salvar a aspereza da rotina de trabalho dos tempos comuns. O carnaval, assim como o futebol de botão, é fonte de relaxamento, criatividade e nostalgia. Que bom é poder brincar em qualquer idade.
E, claro, tem quem leve a sério toda brincadeira. Esses são ainda mais dedicados. Um viva e mil salves aos que organizam toda brincadeira. Dos blocos e dos ambulantes que sãos essenciais para a festa aos que organizam tabelas e mesas, e tudo mais nos torneios oficiais ou de final de semana. Das escolas de samba aos treinos de sábado. Das palhetadas no botão ou nos acordes do cavaquinho, passando pela batucada que dita o ritmo e de como cada um se organiza para temporada de chutes a gol.
Por vezes, a verdade é uma só: no calor todos querem gelo, mas poucos se dedicam a botar a água na forminha. É isso: os que botam água na forminha devem ser sempre exaltados. São essas as pessoas que permitem que, de tempos em tempos, a gente puxe as caixas do fundo do armário, tire toda poeira e dê brilho ao tempo.
Os meninos que fomos um dia botaram água na forminha para que a gente pudesse curtir todo o frescor do tempo bem vivido no momento presente. Um salve aos garotos das décadas passadas que guardaram com tanto zelo os sonhos que permanecem vivos e renovados ano após ano. Em cada chute ao gol, aquele menino vibra e sabe que valeu a pena botar a água na forminha. Confetes e serpentinas ao vento, sonhos aos tempos, chutes a gol, sempre.
Agora, peço licença pois vou ali botar água na forminha, para não ter do que reclamar no futuro. Se quero carnaval, se quero palhetar e chutar ao gol, preciso me preparar antes. É normal que, às vezes, esses sonhos juntem poeira... mas que bom encontrar o gelo ali, pronto, para os momentos quentes e secos. "Bora" sacodir a poeira e dar a volta por cima, já que é a sorrir que queremos levar a vida...
Giovanni Nobile é jornalista e fundador do Águia Branca Futebol de Mesa (time que nasceu nas quadras de futsal em Santo Antônio da Platina, no Paraná, fez um jogo em 1997, ganhou, e se orgulha de ser o time há mais tempo invicto no mundo - tudo bem que nunca mais jogou, mas essa é outra história). Seu melhor resultado nas mesas foi um vice-campeonato de etapa na série extra da Liga União, cuja medalhinha tem guardada até hoje. Há mais de 10 anos, vive em Brasília. Por aqui, traz crônicas aos domingos sobre o nosso Mundo Botonista.
....................................
nobile@mundobotonista.com.br
(061) 98105-0356