Painel do Mundo
Como é difícil colocar em palavras todo o sentimento por alguém que consideramos um amigo, treinador, confidente, irmão mais velho, padrinho e de vez em quando até pai dando aquele puxão de orelhas. Ricardo Gonçalves Alves, ou simplesmente Kiko, como a grande maioria o conhecia no ambiente do futebol de mesa. Sua trajetória nas mesas começou muito antes da minha, na década de 80. Eu apenas o conheci nos anos 90, no CAI (Clube Atlético Indiano).
De lá para cá já se passaram quase 30 anos. Foram muitos, mas muitos momentos maravilhosos! Muitas vitórias, conquistas, mas também muitas derrotas e decepções. E são nesses momentos em que podemos ver quem são as pessoas que podemos escolher para estar próximos, pois estão sempre torcendo um pelo outro e também oferecendo um ombro amigo quando necessário. Ele estava sempre ali sorridente, alegre, educado e cordial com todos os botonistas.
Para todos os clubes que íamos, sempre tentávamos levar um ao outro. Tive o prazer de vestir a mesma camisa dele no C A Indiano, Cidade Vargas, Saldanha da Gama, Santos FC, Meninos FC e depois de alguns anos em clubes diferentes, voltamos a jogar juntos no São Paulo FC. Como todo apaixonado pelo nosso esporte treinávamos muito, conversamos sobre jogadas, detalhes, times, medidas, padrões de chutes e sempre achei o jogo dele muito técnico.
Seu auge foi sem dúvida no ano de 2002, onde ele resolveu se transferir para a categoria Master e sagrou-se campeão Brasileiro de forma invicta. Neste período ele estava jogando defendendo as cores do Santos FC e o torneio foi disputado no seu salão de mármore. Detalhe, até o momento esse foi o único título Brasileiro de um atleta deste clube. Nossa amizade extrapolou as mesas e em maio de 2004 eu o convidei para ser meu padrinho de casamento, junto com outro amigo o Carlos Flosi.
Foram tantos torneios, tantas viagens, tantos jogos... e imaginar que não poderemos jogar tão cedo.
Tudo o que aprendi e conquistei nas mesas tem sim, muita influência, muita influência dele. Todas as conquistas que obtive também. Se ele não estava lá assistindo e torcendo, era sempre para ele quem eu ligava ou mandava uma mensagem com o resultado.
Nossos treinos eram os melhores! Nos últimos anos, jogávamos todas as semanas entre 5 ou 6 partidas. Não importava o resultado, mas importava sim a qualidade do treino. Aquela jogada mais elaborada, ou aquele chute que não era o mais eficiente, se tornava um diferencial depois de tanto treino. E como vão fazer faltas esses treinos e papos entre nós...
Tenho certeza que ele vai sim, continuar jogando e treinando onde ele estiver e de lá vai olhar e torcer para que nosso esporte possa crescer e fazer com que amizades se fortaleçam.
Graças a Deus sempre consegui demonstrar o quanto gostava dele, mas se tivesse a oportunidade de falar novamente, falaria: Obrigado por ser seu amigo. Nunca esquecerei de você, cara!
Kiko nos deixou na última quinta-feira, 1º de abril. Deixa a esposa Dylce, dois filhos, Marcelo e Thaís, dois netos Gaby e Milena. E como queria que essa fosse mais uma daquelas do dia da mentira.