Já falamos de muita coisa por aqui: de campo, do assoalho, do jogador iluminado, de vitórias, de derrotas, etc. Entretanto, ainda não foi dado o devido valor, atenção e respeito a algo simplesmente fundamental no nosso jogo e que hoje será a estrela de nossa crônica: a palheta.
Gente, vocês pararam para pensar sobre o quanto importante a palheta é para o nosso desenvolvimento no jogo? Até conheço quem a descarte e jogue “na unha”, mas a avassaladora maioria não vive sem a palheta.
Sobre a minoria que joga na unha, esses têm meu respeito, também, principalmente porque, por vezes, deve ser dolorido e desconfortável jogar dessa maneira. E a palheta, nossa deusa, está lá justamente para evitar as dores e os desconfortos dos demais.
Se o Zico brilhava no Xalingão, se o Careca empilhava gols, se o zagueirão acertava um lançamento perfeito de quatro palmos para o Romário fuzilar, tudo acontecia por causa da palheta.
Lembro que eu tinha uma palheta preta da Gulliver que já estava muito bem “amaciada”. Ela me conhecia como uma mãe conhece o filho. A gente se dava como melhores amigos. Até mesmo com ela quebrada continuei um bom tempo usando a sua parte boa, mas chegou o dia que realmente ela não conseguiu mais me ajudar. Fui até o limite e confesso que me arrependo de tê-la descartado. Ela poderia estar aqui, do meu lado, como um troféu antigo, fazendo-me reviver grande parte daquele tempo maravilhoso.
Um salve à palheta. Homenagem justa e merecida para ela, a qual é ofuscada pelas câmeras, mas que, sem a sua presença, nenhum ator principal conseguiria brilhar.