Era um treino como outro qualquer. Uma quinta-feira animada no Circulo Militar. O ano era 2008 e eis que, de repente, não mais que de repente, aparece na sala um cidadão, roupa amarrotada, barba por fazer, exalando cheiro de Cynar. Era o Serginho, Lion seu apelido. ele reaparecia no clube após longos anos. E era bom o cidadão, tocava bem a bola, habilidoso fazia gols, por uma dessas coincidências da vida, morávamos no mesmo bairro, o Ipiranga - único bairro presente no hino nacional.
Acabamos trocando algumas caronas, ele estava sem carro e eventualmente eu o levava embora dos treinos. Acabei descobrindo que ele estava se separando, estava sofrendo de amor. Dava uma tristeza vê-lo chorando pelos cantos, largado jogado às traças. Foi quando então, junto do meu amigo Tadeu, botonista do Corinthians, tomei uma decisão: iríamos reintroduzir Lion à vida noturna.
O local escolhido foi o Stones, boate na zona leste onde toca um rock, e onde as garotas todas na faixa dos seus 30 anos, buscam alguém para dar aquela virilhada após o baile. Foi ali que eu e o Tadeu apresentamos Deise ao Lion, uma mulata, nem gorda nem magra, nem feia nem bonita, era apenas Deise. E foi com ela que nosso amigo Lion reencontrou o caminho do prazer.
No dia seguinte, lá estava ele com barba feita, roupa engomada, tinha redescoberto o amor, reencontrado o sentido da vida. Infelizmente para nós, tempos depois Lion largou o futebol de mesa para se dedicar ao ciclismo.