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Painel do Mundo
Por Giovanni Nobile (01/09/2024)
Tem, mas acabou
Neste final de semana eu tinha um aniversário pra ir. O Léo, amiguinho da minha filha, completou 6 anos. O tema do aniversário era: futebol! Ao longo da semana, não pensei duas vezes: vou dar times de futebol de botão para ele.
Dia a dia, a semana foi passando. Eu sabia muito bem onde comprar os times de brinquedo para ele, então, acabei deixando para última hora pela segurança de saber que no sábado mesmo, pela manhã, encontraria o time e pronto. Infelizmente, ninguém mais dá times de futebol de botão, eu pensei, com aquele preconceito de quem joga futebol de mesa e acha que no "nosso tempo" é que as brincadeiras "eram de verdade". E não é que fui duplamente surpreendido?
Cheguei na loja e pedi:
— Oi. Quero ver os times de futebol de botão.
— Oi, moço. Já acabou. Mas semana que vem chega mais...
A sensação foi muito estranha. Todo meu plano estava frustrado. E eu feliz pelo estoque da loja ter acabado. E chegaria mais! Não daria tempo de chegar para o aniversário, que era no sábado à tarde. Mas vejam: não é que não tinha, como se fosse um objeto obsoleto, que ninguém mais compra. Era, na verdade, um delicioso "tem, mas acabou". Tinha. Compraram. E vai chegar mais! Com sorriso no rosto, agradeci e saí pensando. Putz, e agora?
Liguei para a mãe do Léo. Contei qual seria meu plano. E vejam só outra surpresa: "nossa, que coincidência. Ele ganhou uma caixa com 24 times de futebol de botão, com as traves", ela disse. "Ah, deve ter sido na loja que fui comprar...". "Não, não. Chegou de São Paulo pelo Correio", ela me disse.
Uau! O Léo ganhou vindo do Correio. Outra criança que não sei quem é ganhou o presente lá da loja. E vai chegar mais! E eu? Feliz. Mas o que faria. De repente, lembrei. Fui atrás de outra loja. Seria minha última saída. Liguei o carro e fui a caminho. Parei no estacionamento. E eis que recebo uma mensagem o Jeferson:
"Giovanni, bom dia querido. Cara, fui alertado pelo José Carlos que não recebemos uma crônica sua para a última deadline (tinha sido 23/08. Você acha que consegue nos escrever algo, ou de repente tem algo bacana na gaveta já, que pudesse nos servir? Fico no aguardo do seu retorno querido".
Na hora, fiquei frustrado por ter esquecido, de modo relapso, do compromisso de entregar o texto no prazo. Mas feliz por estar vivendo naquele instante a história do texto. Bom... estacionei o carro no shopping e fui direto para a loja de brinquedos. Percorri os corredores. E lá estava: o Xalingão!
Liguei novamente para a mãe do Léo e perguntei se ele tinha. Ela me contou que ainda não. E que o Léo tinha lamentado não ter o campo, quando ganhou seu kit de 24 times e travinhas. Ela comentou que disse para ele que não teria problema, pois jogariam na mesa de jantar. E sim! Eu sabia que não teria problema mesmo, já que joguei minha infância toda no chão do quarto e na mesa da cozinha. Mas o Léo teria seu próprio Xalingão, como presentinho da Clarice, minha filha. Paguei feliz. Mas antes perguntei: "essa é a última mesa?"
E o vendedor: "é sim. Você deu sorte. Mas na semana que vem chega mais!".
No balcão da Ri Happy, enquanto ela embalava a mesa, escrevi essa crônica em resposta ao Jeferson pelo Whatsapp mesmo. E saí feliz, já que, na cidade, em duas lojas, os times e campos de futebol de botão acabaram.
Mas vão chegar mais!
Giovanni Nobile é jornalista e fundador do Águia Branca Futebol de Mesa (time que nasceu nas quadras de futsal em Santo Antônio da Platina, no Paraná, fez um jogo em 1997, ganhou, e se orgulha de ser o time há mais tempo invicto no mundo - tudo bem que nunca mais jogou, mas essa é outra história). Seu melhor resultado nas mesas foi um vice-campeonato de etapa na série extra da Liga União, cuja medalhinha tem guardada até hoje. Há mais de 10 anos, vive em Brasília. Por aqui, traz crônicas aos domingos sobre o nosso Mundo Botonista.
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